O afundamento do Ariosto
O ex-deputado e ex-secretário do Estado Ariosto Jaeger sempre contava como ficou impressionado com a memória e o conhecimento que o ex-presidente Jânio Quadros tinha das cidades do Rio Grande do Sul. Mesmo ele, Ariosto, que se gabava de conhecer os políticos, história e demandas dos municípios, confessava que o candidato da vassoura era imbatível.
Foi com esse espírito que Ariosto percorreu o interior do RS na campanha presidencial de 1960. O lado bom era que ele não precisava assoprar dados para Jânio nos comícios e reuniões com prefeitos e vereadores. Foi assim que deram com os costados na região de Santa Rosa, onde um grande comício estava agendado para a noite. Logo após o jantar, Ariosto sentiu que seu intestino bradava em fúria, alguma coisa fizera mal.
O gaúcho mal e mal acompanhou os discursos de personagens locais, mas quando chegou a vez de Jânio falar, não deu mais para aguentar. Quase em pânico, saiu do palanque e, a duras penas, achou uma casinha no terreno ao lado. Com o som amplificado pelos alto-falantes, ouvia o discurso do candidato, e, em determinado momento, Jânio falou que Ariosto Jaeger estava aí para comprovar o que dizia. Virou para o lado e nada do Ariosto. Agoniado e sentado no assento do enjambrado sanitário, tentou voltar ao comício, mas neste momento a Lei de Murphy falou mais alto.
Ao tentar se levantar, a improvisada armação implodiu. Junto com o Ariosto.