O adeus da tia
O Carmen’s Club, ou simplesmente a Tia Carmen, fechou as portas de vez. O casarão na rua Olavo Bilac, na Cidade Baixa, Porto Alegre, assemelhava-se aos antigos cabarés. Ou seja, com pista de dança, e a mulherada esperando um benfeitor.
Nos anos 1990, jogadores de futebol de outras plagas e destas também eram fregueses cativos. Conta-se que um deles, famoso, recolhia cuidadosamente as camisinhas que usava no combate de Eros, e as levava embora no bolso do casaco. Fácil saber o motivo.
O rito do faturamento das moças funcionava assim: depois de cadastradas – não havia um time fixo – elas tinham que pagar uma certa quantia na entrada. O depois era com elas. Também ganhavam uma comissão sobre bebidas que o freguês consumia, mas tinham que comprar maquiagem e roupas íntimas na loja da casa. O quarto era com o freguês, o cachê era todo delas.
Assim como outras casas famosas, como a Gruta Azul, taxista que levava turista ou forasteiro para a casa, recebia uma bela gorjeta. Assim era o mundo da noite. E antes que alguma cabeça maldosa pense como entendo desses mecanismos por ser cliente, digo que não se precisa ter vivido em Sodoma e Gomorra para saber tudo sobre bacanais que lá aconteciam. Então, me poupem.
Amanhã conto o Causo dos Três Velhotes.