O 1313
Todos os holofotes miram o momento atual brasileiro, então não sobra muita luz para o resto. Mesmo que sejam assuntos vitais. Com exceção do futebol, especialmente quando se trata de Neymar. Um colega aqui do jornal entrou correndo para dizer, triunfante, que oito minutos do salário do jogador são oito minutos do piso salarial de um jornalista.
Não sei de onde ele tirou esse cálculo. Nem em um ano. Piso de jornalista gaúcho sempre foi pífio, o contracheque para quem recebe o piso da categoria é um atestado de pobreza absoluta. Ganhamos menos do que um cobrador de ônibus de Porto Alegre – sem desmerecer a categoria, apenas comparação, por favor.
De qualquer forma, comparar bananas com laranjas nunca deu samba. Nem Neymar saberia escrever um texto médio e nem os jornalistas conseguiram fazer uma só jogada igual a ele em oito minutos. Especialmente, os repórteres esportivos. Enfim, não faz sentido.
Lembrei de uma história do Lula, na primeira campanha para presidente, quando alguém o acusou de só ter o curso fundamental. Um colega dos antigos tempos, quando ele ainda trabalhava em uma montadora para que a Mercedez Benz – é o que se dizia – tomou sua defesa. Ao lado de dele, gritou no microfone de rádio que entrevistava o candidato.
– Lula, pergunta pros engravatados se eles sabem quantas polegadas têm o eixo do cubo da roda de um caminhão 1313!