Nós, os otários
Há algum tempo, ouvi que as vinícolas queriam reavivar o frisante, vinho com gás que era muito consumido nos bailes e reuniões-dançantes dos anos 1960. A questão é: de qual vinho me hablas, chefia? O daquele tempo dava azia até em copo de bicarbonato. Tudo dava cefaleia, inclusive o champanhe, que hoje chamam de espumante. Não só. Uísque nacional, “conhaque” feito de gengibre, o gim que teria matado metade da família real britânica. Bebíamos muito mal, então, menos os riquinhos, que podiam pagar produto importado.
Mesmo assim, era preciso ter muito cuidado. Da destilaria até a mesa do bar, a cadeia era enorme e, com frequência, um ou mais elos da corrente sabotavam a bebida da forma mais perversa possível. Meninos, eu vi. Em meados dos anos 1970, a Veja descobriu que o scotch Monk’s em botija de barro, escocês de boa família e que era muito consumido nas boates, não era vendido nesta embalagem. Veio até desmentido da empresa quando um casal de repórteres da Veja foi à noite ver o que o povaréu descolado bebia.
O Brasil é, antes de tudo, um otário. Por isso tem tanto vigarista.