Na voragem das paixões
A essa altura dos acontecimentos, a pergunta óbvia é se Jair Bolsonaro pode ganhar a eleição graças à facada do Bispo. Vejamos: antes do atentado, sempre achei que o capitão não ganharia as eleições por causa da alta rejeição, que está na casa dos 44% – alguns trabalhos mostraram em quase 60%. E também achava que os 22%, em média, que ele tinha nas pesquisas eram teto e não piso.
Efeito Faca
A faca mudou tudo, mas por quanto tempo? Quem ganha com a facada do Bispo? Em princípio, tendo a acreditar que Bolsonaro pode até ter alta nas intenções de voto, mas nada esfuziante. Mas se vai manter esse percentual até o dia da eleição, é outro papo. O crucial é saber se o atentado diminuiu sua rejeição. E só as próximas pesquisas dirão.
Perde-ganha
Grosso modo, Bolsonaro pode não levar grande vantagem com o caso, mas quem perde é o PT e quem ganha é Geraldo Alckmin, homem ponderado, metódico. Bispo é militante e isso vai ser explorado ao máximo, não só pelo capitão e seu vice, o general Mourão. “Olha o que a esquerda faz a este país”, bradarão. Os candidatos de centro-direita e centro-esquerda farão coro, embora de forma mais discreta e sem dizer o que pensam alto e claro.
Ai de nós
O maior perdedor é o Brasil. Já andávamos com prestígio mais baixo que barriga de cobra e, agora, à criminalidade soma-se o Brasil violento politicamente. Mais um upgrade para a condição de república bananeira em grau máximo. Investimentos estrangeiros, que já estavam com freio, agora, acionarão também o freio de mão. Isso se o ferimento de Bolsonaro for de pouca gravidade, sem sequelas, permitindo uma recuperação rápida e volta à campanha.
Porém…
…se for o contrário, e que Deus nos livre disso, aí a coisa fica feia mesmo, seja na eleição quanto no país como um todo.
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