Meus tempos de Cid Moreira

20 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em Meus tempos de Cid Moreira

Com 14 anos já fui DJ. Verdade que meu arsenal de músicas não passava de 30 a 40, mas fui. E nem se chamava de DJ no início dos anos 1950, era mero locutor. Exercia o cargo de grátis, antes do início das aulas, nos sábados, quando me dava na veneta, e em dias festivos. Conto o causo como o causo foi.

Cursando a segunda série do então curso ginasial, no Ginásio São João Batista de Montenegro, fui solenemente convidado para operar a Voz do Poste – eram apenas dois – do pátio. Abria o maldito microfone, que dava choque tipo cadeira elétrica, eu começava os trabalhos tentando imitar o melhor locutor do Brasil daquele tempo, Ramos Calhela.

–  Bom dia, muito bom dia! Aqui o Serviço de Alto Falantes do Ginásio São João Batista.

De imediato, tocava um dos dois únicos long play (vinil) do estoque, um dos Irmãos Bertussi, de música gauchesca, alternando com a orquestra de Glenn Miller, com standards do jazz. Total dos dois: 24 faixas.

Também colocava no prato os hinos Nacional, da República, da Bandeira, da Pátria. O Riograndense não existia. E se existisse, eu não tocaria, por ser obra de um paulista. Ainda imitava o vento e o trovão: quer dizer que fui 3 em 1, locutor, DJ e sonoplasta.

Não sei porque uma grande rede de rádios não me contratou. Azar o deles. Perderam um grande talento.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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