Meu vizinho Willibaldo

15 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em Meu vizinho Willibaldo

Tenho saudades dos meus tempos de guri, quando os mais velhos se chamavam Serapião, Serafim, Praxedes, Olemar, Adelar, Willibaldo, Elemar, Galdino e outros que hoje não se usam mais quando batizamos as crianças. As mulheres, afora as inevitáveis Maria da Glória, Maria do Socorro, Maria José (e os homens José Maria), chamavam-se Eva, Iracema, Ermelina, Terezinha de Jesus e a eterna Eva. Eva ainda é usada no subúrbio e não sei porque e nem se procede totalmente, admiro-me da quantidade de Evas que são cozinheiras ou atendentes de lanchonetes.              

E digo que a saudade vem porque são prenomes ligados a tempos menos rápidos, tempos em que você ia trabalhar. Ao meio-dia, ia para casa almoçar e, depois, voltava para o trabalho de carro (poucos), ônibus ou bonde. Eu sou um privilegiado porque vivi antes da Era do Caos. Nenhum contrato valia mais do que o fio do bigode, mesmo sem colar o fio em algum documento em vez de assiná-lo.

É verdade que morria-se mais cedo. As maravilhas da Medicina ainda não haviam sido inventadas, mas havia um bom estoque de antibióticos que funcionavam bem e não temíamos as superbactérias. E Deus ainda funcionava, acreditávamos que o Céu existia e iríamos todos para lá, menos os que morriam em pecado.

Roam as unhas de inveja, púberes de hoje: a Aids ainda não existia. O resto a penicilina, a terramicina e outros remédios curavam tudo. Hoje, é uma loteria. Ou roleta-russa. Nem vou falar na criminalidade.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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