Meu primeiro emprego
Meu primeiro foi metade. Metade do dia, metade do salário mínimo. Trabalhei antes de completar 18 anos na secretaria do colégio onde cursava o então Científico. Meu primeiro emprego de verdade foi como contínuo (boy) do Banco da Província, um dos três maiores bancos gaúchos. Morreu de morte matada em meados dos anos 1970. O salário mínimo era de 11 mil, não lembro de um ou milhão de reais – a inflação fazia o governo cortar zeros.
Era pouco, mas eu era o mais feliz dos bancários. Como eu morava com meus pais, não tinha maiores gastos. Gastava metade em horas de voo no Aeroclube de Montenegro. A outra metade era para a calaçaria e a esbornia. Traduzindo, para as mulheres e para a farra em geral. Essas coisas não só são inevitáveis, como são obrigatórias para quem quiser viver de verdade.
Eu era feliz, muito feliz. Éramos jovens então.