Meu futuro, o retorno

30 abr • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Meu futuro, o retorno

Escrevi ontem que, no passado, fiquei famoso por redigir telegramas, curtos por definição, mais curtos ainda. E com um bônus de livre escolha do cliente, texto choroso, protocolar ou dizer de um jeito sublime “já vai tarde”. Essa opção  era específica para futuros herdeiros, especialmente para os que vertiam lágrimas de crocodilo.

A TECNOLOGIA ME ARRUINOU

Como bem sabem os carteiros, o telegrama foi extinto pela tecnologia. Emails, whats, twiter, essas maldades tecnológicas, arruinaram meu grandioso projeto de ser dono de uma multinacional telegráfica. Eu ofereceria meu talento para chefes de Estado, diplomatas e afins. Infelizmente, meu talento foi extinto. E as plataformas digitais não me querem. Ninguém terceiriza um twiter. Mas deveriam. Eu reduziria o quociente de bobagens postadas.

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TUDO TĀO ESTRANHO…

Cá entre nós e nosso cabeleireiro,  eu não sei ler bem o tuitês e o uatzapês, quanto mais escrever nessas obscuras línguas. Já me dei mal com o surfês. A única coisa que descobri é que essa língua marítima não tem consoantes. O dialeto urdú,  falado no Iraque, é bem menos complicado. Na mesma linha de dificuldade do surfês está a fala dos esquimós, que tem 63 formas de definir a neve de acordo como ela se apresenta mudando apenas a inflexão da voz e sílaba tônica.

A LÍNGUA DO VÍRUS

Pois é, ela chegou para durar. Sua vantagem é que tem poucas palavras e obedece ao sistema de castas, como na Índia. Os intocáveis, os jornalistas aprenderam logo a falar ou escrever comorbidade, achatamento da curva, taxa de letalidade, entre outras. Esse povo estranho passou a gostar de “comorbidade”. Algumas comentaristas de televisão logo a reduziram para “comodidade”.

É para ver como a língua é dinâmica. Do vinho para a água em menos de um mês. Já as castas superiores só se comunicam em virolês, variação do  genérico mediquês. Quer dizer o seguinte: vou morrer de fome. Quero meu telegramês de volta!

PENSAMENTO DO DIAS

Como católico, exijo que o Papa me mostre a certidão negativa do coronavírus!

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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