Memória seletiva
Políticos de todos os matizes foram até o monumento da Carta-Testamento de Getúlio Vargas, na Praça da Alfândega, Porto Alegre. Eu até pensei em fazer uma nota sobre o assunto antes do dia 24, data em que GG se matou, há 61 anos. Ninguém mais ia lá, nem mesmo em datas históricas do trabalhismo e aniversários de obras dos seus dois governos, mas eis que me enganei.
Súbito o interesse geral voltou. Ontem lá estiveram políticos vindos de todo o país e de vários partidos, inclusive do PT. Discursos, frases feitas, frases de ocasião, frases retumbantes, frases de lamento, frases de comover eleitor. Eleitor incauto.
Fosse sincera, essa turma iria lá todos os anos e não apenas de dois em dois anos. Alguns até só vão de quatro em quatro. Acho que, em algum momento na vida de político profissional, o Alzheimer vai e volta, dependendo das circunstâncias. Mas é memória seletiva ou apagão. Alguma coisa coloca em hibernação ou desperta esses ursos que adoram discursos regados a lágrimas de crocodilo.
Dizem que pesadelo de candidato é sonhar que não há mais criancinhas para beijar. Como fazer campanha política sem elas?