A grande diferença

8 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em A grande diferença

Qual é seu conceito de morte, como a encara pelo menos do ponto de vista teórico? Digo teórico porque, na prática, a teoria é outra. Este tema sempre me traz à memória uma das melhores obras já escritas sobre a aristocracia britânica no entre-guerras mundiais, Memórias de Bridshead, de Evelyn Waugh, que, apesar do prenome, é homem. Narra a história da família Marchmain e o contexto da época.

O fio condutor da história é um capitão Charles Ryder. A BBC produziu uma minissérie excepcional sobre a obra, uma das poucas adaptações que foram fiéis ao livro até onde se pode ser. E que atores! Para ter uma ideia, o patriarca dos Marchmain é vivido por Sir Laurence Olivier, soberbo no papel.

Num momento da história, o patriarca cai doente, e bem doente. Na cama, ele pede que abram as janelas – que já estavam abertas – para que ele possa respirar, e clama aos céus mais ou menos assim.

– Ó Senhor, amei belas mulheres e bebi bons vinhos, por que me tratas assim?

Ryder, que fora buscar o médico quando o velho piorou, levou-o de volta ao carro, estacionado na frente de um magnífico castelo. Antes do doutor entrar, Ryder faz uma observação.

– Ele tem muita vontade de viver, não é mesmo?

O médico coloca a manta e ajeita o sobretudo. Encara o capitão nos olhos.

– Não confunda vontade de viver com medo de morrer, meu caro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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