Manchas maduras

28 out • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Manchas maduras

Agora que a Petrobras descobriu que o óleo que empestou e está destruindo a vida marinha do litoral nordestino veio de três campos diferentes da Venezuela, quero ver o que a esquerda vai dizer em casa. Ou fica do lado do companheiro ou do nosso. Historicamente, em casos semelhantes, a esquerda faz de conta que não é com ela ou desfia poréns, talvezes e quem sabe não foi bem assim. Ou nega infantilmente.

Imagem: Freepik 

OS SEIS DIAS

Lembro de um caso famoso de 1967. Quando Israel viu-se ameaçado territorialmente na Guerra dos Seis Dias pelos egípcios, houve um embaraço terrível na esquerda. Muitos dirigentes de organizações de esquerda como o Partidão, a dissidência do Partidão, Polop e outras variações de um mesmo leque, eram judeus. Houve até uma reunião de lideranças na Faculdade de Direito da UFRGS sobre como um bom comunista devia se posicionar neste conflito.

DIREITA, ESQUERDA

Em tese, a esquerda deveria apoiar a luta dos explorados árabes contra o dominador Israel, que tomou terras que eram deles. Vamos relembrar que a Palestina nunca existiu como pretensão a país antes da guerra dos Seis Dias. Acho graça quando escrevem que a causa palestina é milenar. Neste conflito, pela primeira vez, Israel esteve ameaçado como país desde sua criação. A partir desta guerra, os judeus começaram a listar as perseguições de que foram vítimas, o Holocausto em especial.

REUNIÃO DE EMBARAÇOS

Bem, foi uma reunião de embaraços. O mais franco deles foi Flávio Koutzii, que depois entrou na luta armada e foi preso e torturado no Uruguai e na Argentina. Lembro como se fosse hoje aquela noite, quando Flávio abriu o coração e confessou que, para ele, era um dilema terrível – como judeu, deveria ser simpático à causa israelense. Mas ideologicamente o certo seria torcer pelos árabes.

COERÊNCIA E CIVILIDADE

A bem da verdade, Koutzii foi um dos poucos que permaneceu fiel à ideologia marxista ao longo de décadas. Foi secretário do governo Olívio Dutra (PT) e nunca subiu – ele ou Olívio – para Brasília e nunca se rendeu aos encantos de altos cargos, mistura fina que acabou melancolicamente na Lava Jato e nas apropriações indébitas que conhecemos. Conversávamos bem. Não tinha o ranço que caracterizava a esquerda em geral e o PT em particular. Era um sujeito afável, no fim das contas. Tal como o veterano Flávio Tavares, que escreve na ZH.

CRÊ OU MORRE

É preciso deixar claro que a esquerda brasileira dos anos 1960 tem pouco a ver com a esquerda brasileira de agora. Os caras liam os principais ideólogos marxistas e podiam falar horas de cada um deles. Mas não só eles. Também havia curiosidade intelectual intensa e conhecimento aprofundado da história, ao contrário de hoje, que acha que o Big Bang se deu quando Lula nasceu. O ruim é que o marxismo tinha resposta para tudo, até mesmo para unha encravada. Mas o ranço começou quando o PT começou.

O BRASIL QUE FUNCIONA

AGRINHO

Os participantes do Programa Agrinho 2019 têm até o dia 4 de novembro para encaminhar seus trabalhos ao SENAR-RS. O material sobre o tema meio ambiente deve ser enviado pelos Correios para o SENAR-RS (Praça Prof. Saint-Pastous, 125, terceiro andar, Cidade Baixa, Porto Alegre). Andrea Krug, gestora do programa, salienta que, para fins de classificação, será considerada a data da postagem.

A partir desta etapa, uma banca composta por seis profissionais das áreas da educação irá avaliar as produções para a premiação em nível regional e estadual. A avaliação ocorrerá entre os dias 18 e 22 de novembro, e os finalistas serão conhecidos até 9 de dezembro.

Na etapa regional, serão premiados os classificados entre o primeiro e o terceiro lugar de cada uma das dez regiões. Os primeiros lugares participam da fase estadual. São avaliados desenhos, textos (para os estudantes, de acordo com a faixa etária) e experiência pedagógica (para professores).

IARGS

A advogada Aline Eggers palestrará nesta terça no Grupo de Estudos de Direito de Família do IARGS sobre o tema “A violência contra a mulher antes e depois da Lei do Feminicídio”, a partir das 12h, no quarto andar do instituto.

Entrada aberta. Mais informações no telefone 3224-5788.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »