Mágica em títulos
Fazer títulos de matérias nos tempos da máquina de escrever exigia prática e habilidade. Não era para qualquer um. Não tinha o artifício de computador que permite encolher ou espichar espaços. O falecido jornalista Roberto Eduardo Xavier contou um episódio envolvendo assunto.
Diário da Noite, Rio de Janeiro. O diagramador avisa para o cara que faz a a capa que queria um título em três linhas com três toques em cada.
– Como assim? É impossível – falou o editor de capa.
– Dá um jeito.
Jornalismo é sempre assim, na base do “dá um jeito”. Ou é o patrão dizendo “dá um jeito” quando nega um reajuste salarial, ou é o comercial pedindo – ordenando – a publicação de uma matéria que só interessa ao anunciante, ou quando um editor-chefe dizendo “dá um jeito”, quando o editor não consegue fechar a página, mesmo com o deadline a segundos.
Voltando depois de uma breve incursão de queixas no 0800 do “Fale conosco”: O presidente norte-americano, Dwight Eisenhower – apelidado de Ike – tinha confirmado vinda ao Brasil. O editor sentou à mesa, botou uma lauda de papel na máquina e lascou:
IKE
VEM
AÍ!
Não fosse o ponto de exclamação não fechava. E até que melhorou.