Louvado Seja
(*) O causo de hoje é contado pelo colega do JC Osni Machado:
Logo que cheguei àquela redação, já esperava por problemas, mas não sabia a dimensão dos mesmos. Como novato, todas as pautas “bomba”, eram destinadas ao que era recém-chegado. Então escutei a ordem.
– Vai atender a visita!
E eu perguntei:
– Qual visita?
E o complemento veio:
– Trata-se do padre do bairro, que todo ano promove eventos para obter fundos destinados a festas dos pobres.
De imediato, deu para ver que o anúncio do nome do prelado provocou um comportamento estranho entre os colegas. A redação, que estava lotada, de um momento para outro, ficou, digamos assim, desprovida de profissionais. Porém, notei alguns olhos atentos, à espera de algo.
Lá fui eu.
– Como vai, seu padre. Está tudo bem?
E o padre.
– Meu filho, louvado seja!
E o padre estendeu-me a sua mão.
Percebi a pressão dos olhares. Correu um frio pela espinha.
E em atenção ao padre, levei a minha mão em direção a dele.
Então, tudo se revelou. Ninguém gostava de atender o pároco, porque o maior problema era justamente enfrentar as suas mãos.
O contato das mãos do padre com as minhas foi algo grudento e desconcertante.
O religiosos não tinha o costume de lavá-las.
Todo mundo sabia, menos eu.
Coitado do Osni. De cara, enfrentou um problema de saúde pública. Pelo menos, eram mãos bentas – ou seria melhor dizer sebentas?
Imagem: Freepik
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