O alface
Amanhã, acontece a 13ª edição do Dia da Liberdade de Impostos, aquele em que alguns estabelecimentos vendem produtos ou serviços a preço de custo para mostrar a garfada tributária. Os mais visitados são os postos de combustíveis, que prometem vender 63 mil litros de gasolina a preços reduzidos em 21 pontos de 12 cidades gaúchas. Como em anos anteriores, serão enormes as filas.
Confesso que nunca entendi a lógica de ficar horas e horas dentro de um carro para encher o tanque. Não fossem as filas, OK, mas conheço gente que foi a um posto que já tinha vendido sua cota e se mandou para outra cidade só para abastecer. Fez-me lembrar um velório de um grande empresário.
Estávamos eu e um colega jornalista sentados a uma distância prudente do finado, jogando conversa fora, quando chegou o pai do falecido, homem de idade avançada e um pouco, digamos, fora da casinha, para ser misericordioso. Como meu amigo usava bengala e ele também, deu uma bengalada nele.
– Colega – falou.
E sem mais nem menos, foi falando sobre o custo de vida, de pechinchar sempre, que nós não sabíamos comprar barato, que se soubéssemos teríamos uma senhora de uma poupança como ele.
– Por exemplo, eu compro alface em Glorinha. Custa um terço do preço dos supermercados de Porto Alegre.
Glorinha fica a 57,3 quilômetros de Porto Alegre. E o carro do economista era um Ford Landau, um beberrão de oito cilindros que bebia meia refinaria por ano.
« Carmen Sylva O terço »