Laranjada azeda
O detalhe é que mata. Você pode fazer o plano mais perfeito que uma cabeça humana pode bolar, mas lá vem o detalhe que rebenta tudo. Como aquela quadrinha medieval “Por causa de uma ferradura perdeu-se um cavalo/Por causa de um cavalo perdeu-se o cavaleiro/Por causa de um cavaleiro perdeu-se a guerra/E tudo por causa de uma ferradura.”
Veja-se o caso do traficante Juan Carlos Abadia, preso em 2007. Pouco antes da prisão ele perambulou por Gramado (RS). Ele jamais falava ao celular e utilizava imagens criptografadas para enviar ordens ao cartel na Colômbia. Era procurado em todo continente, e a Polícia Federal brasileira também estava atenta.
Quando passava alguns dias em Gramado, um delegado da Polícia Federal recebeu um telefonema dizendo que o procurado traficante estava hospedado em um dos melhores hotéis da cidade, junto com a família. Ele foi, então, para o café da manhã no hotel, e viu quando Abadia chegou, colocando-se então em uma mesa próxima.
Assim que o investigado saiu, o delegado furtou o copo de suco de laranja que ele havia utilizado, para colher as impressões digitais que foram enviadas para a Colômbia. Em pouco tempo, veio a confirmação: era Juan Carlos Abadia, suspeito de mandar matar 15 pessoas nos Estados Unidos e cerca de 300 na Colômbia.
Hoje, Abadia cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos. Em boa parte, sua prisão se deve a um copo de suco de laranja em um hotel de uma cidade turística localizada em um estado da ponta do Brasil. É para ver como são as coisas. Abadia deve estar até hoje dizendo para seus colegas de presídio que suco de laranja faz um mal dos diabos.