Falar pelos cotovelos

3 abr • A Vida como ela foiNenhum comentário em Falar pelos cotovelos

Todos nós, com m ais de 50 anos, repetimos que, no nosso tempo, a juventude era muito diferente, o que é verdade. Não éramos agressivos, não arrostávamos professores, não quebrávamos o pau por qualquer motivo, não fumávamos maconha – porque ser chamado de maconheiro era sinônimo de chinelagem, bebíamos de vez em quando e em eventos especiais e assim por diante.

Mas o diferente que falo é outro, o aspecto físico. Os cortes de cabelos careciam de abrir sulcos ou formar desenhos, as roupas eram mais discretas, embora calça boca-de-sino, no tempo da Jovem Guarda, fosse um escândalo. Enfim, nossas cordas eram mais curtas do que as da gurizada de hoje. Entre as não-diferenças estava a gíria, cada época com a sua ao fim e ao cabo.

Mas há uma grande diferença que não lembro alguém ter abordado: a gesticulação. Os jovens mexem mãos e pernas não para reforçar a fala, mas eventualmente para substituí-la, já que o estoque de palavras costuma ser baixo, aquilo que todos sabemos falta de leitura, educação falha etc. Como verbalizar bem uma ideia se o estoque de palavras é mínimo?

Aí vem a questão. A juventude de décadas passadas não gesticulava porque era feio. Gesticular em público era considerado falta de educação, mesmo em casa os gestos eram contidos. Alguém pode pegar esse assunto e dissecá-lo, eu paro por aqui. Mas o uso da linguagem corporal de antes e depois é notável. Ei sei porque eu vi.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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