Falar pelos cotovelos
Todos nós, com m ais de 50 anos, repetimos que, no nosso tempo, a juventude era muito diferente, o que é verdade. Não éramos agressivos, não arrostávamos professores, não quebrávamos o pau por qualquer motivo, não fumávamos maconha – porque ser chamado de maconheiro era sinônimo de chinelagem, bebíamos de vez em quando e em eventos especiais e assim por diante.
Mas o diferente que falo é outro, o aspecto físico. Os cortes de cabelos careciam de abrir sulcos ou formar desenhos, as roupas eram mais discretas, embora calça boca-de-sino, no tempo da Jovem Guarda, fosse um escândalo. Enfim, nossas cordas eram mais curtas do que as da gurizada de hoje. Entre as não-diferenças estava a gíria, cada época com a sua ao fim e ao cabo.
Mas há uma grande diferença que não lembro alguém ter abordado: a gesticulação. Os jovens mexem mãos e pernas não para reforçar a fala, mas eventualmente para substituí-la, já que o estoque de palavras costuma ser baixo, aquilo que todos sabemos falta de leitura, educação falha etc. Como verbalizar bem uma ideia se o estoque de palavras é mínimo?
Aí vem a questão. A juventude de décadas passadas não gesticulava porque era feio. Gesticular em público era considerado falta de educação, mesmo em casa os gestos eram contidos. Alguém pode pegar esse assunto e dissecá-lo, eu paro por aqui. Mas o uso da linguagem corporal de antes e depois é notável. Ei sei porque eu vi.