Imperial, o esperto
Vocês não tem ideia de como se forçava a venda de discos em décadas passadas. Quem conta um caso envolvendo a marchinha A mesma praça, o mesmo jardim é o colega Rogerio Mendelski, da Rádio Bandeirantes, amigo de 50 anos. A marchinha foi lançada e vendeu muito na gravação de Ronnie Von, em 1967, mas a autoria é de Carlos Imperial.
Imperial, para criar polêmica, pediu para um compositor amigo, Aroldo Santos, morador do Morro do Pavãozinho, denunciar “A Praça” como de sua autoria. A ideia era simples: os dois iriam juntos a programas de TV de sucesso, como o “Programa Flávio Cavalcanti”, da TV Tupi, onde o desconhecido sambista denunciaria que o compositor famoso roubou “A Praça”. Reivindicando o posto de verdadeiro autor da música, Santos virou tema nas rodas de conversa em todo o Brasil.
Imperial aceitou pagar o preço de ser considerado um ladrão para ver a composição sendo discutida (e consequentemente consumida) em proporções fantásticas para a época. “O número de vinis vendidos superou o número de vitrolas que existiam. Foi o maior sucesso”, orgulha-se Ronnie Von.
A história não termina – ou começa- aí. Segundo Mendelski, Imperial teria se inspirado em uma musica de Frank Sinatra. O velho Lavoisier tinha razão: nada se cria nada se perde, tudo se transforma.