#Grafite nota 10

19 dez • ArtigosNenhum comentário em #Grafite nota 10

Por Antônio Carlos Côrtes *

 “Não há noite fria de inverno, nem suadas

tarde de verão que façam adormecer

 nossa alma africana”

(Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva)

A tradição da Rua Mariante me remete a lembranças de outras  artérias da região: Esperança, Casemiro, Vasco, Liberdade e Cabral. Na primeira, junto ao nº909 observo lindo grafite com expressivo rosto amoroso de mulher, por obra do talentoso traço do artista Kelvin Koubik que assina no canto superior do painel. Passantes se detêm para admirar, fotografar e registrar o momento de arte pura que contrasta à cidade cinzenta. Ali, outrora foi a Colônia Africana, recorte da geografia viva perante o retrato do tempo. É bom viajar na mitologia da cultura universal desta saga de espírito que fixa metamorfose que vai do coração a mente humana, como ensina o Neurologista Edilson Prola. O recente livro da psicanalista e historiadora Elisabeth Roudinesco – Dicionário amoroso da psicanálise- (Zaharvai ao encontro de minha imaginação no percurso da arte que ajuda a entender a alma humana.

Desde nosso tempo de Conselheiro Estadual de Cultura, deitamos olhar sobre a arte do grafite. Alhures afirmamos ser manifestação artística sim. Apesar de alguns  torcerem o nariz. O conceito diz que o grafite é tipo de inscrição esculpida em paredões. Estudos aprofundados alcançam pretéritos laços da arte lá no Sacro Império Romano. Contemporaneamente chega aos anos de 1970, Nova Iorque, Estados Unidos. Certos adolescentes deixavam simplesmente sinais nas paredes da cidade. Logo progrediu com técnicas e desenhos de elevado padrão de arte  dos autodidatas.

O grafite tem laços com o Hip Hop talvez advenha daí o preconceito. É também meio de registrar a violência que sofrem de toda ordem, especialmente os desfavorecidos. O grafite é a voz das ruas. Chegou ao Brasil em meados década de 1970, em São Paulo. A obra do Kelvin que enseja este artigo mostra porque o grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores do mundo no padrão de arte.

Sei que muitos vão criticar este artigo, visto que não enxergam a qualidade artística. Empacotam tudo na vala comum. Adianto desde logo, que não apoio a pichação e vandalismo, que realmente mostram algo não recomendado para dizer menos, colocado em muros, altos dos edifícios, praças, monumentos, leito de ruas e avenidas. As causas  destes merecem  outros estudos.

(*) Advogado, Escritor e Psicanalista

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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