Forno de batom
Em uma cidade gaúcha conhecida, em décadas passadas, pelo elevado número de assassinatos, dois conhecidos homens de negócio trocavam confidências na hora do cafezinho no café da praça.
– Veja como sou perseguido. Ontem esteve lá no meu sítio o delegado de Polícia querendo saber de coisas de meu foro íntimo.
– Tipo?
– Ah, ele queria saber onde escondi meu revólver que, segundo ele, usei para matar aquele sacripanta que despachei para o além. Mais: queria saber onde eu estava na hora em que o infeliz morreu, se era verdade que eu tinha um caso com a agora viúva, essas coisas.
– Mas que barbaridade, chê! Como é que pode alguém se meter assim na vida particular de alguém! Só faltou perguntar se tinha marca de batom na tua cueca…
– Bem, tomei minhas precauções.
E cochichando no ouvido do amigo:
– Queimei a cueca no forno a lenha do galpão…