Filhos da galinha e outras memórias

2 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em Filhos da galinha e outras memórias

A manhã do dia 31 de dezembro é um daqueles dias que não se pode optar, uma mistura de melancolia com leves traços de azáfama que antecedem o zero absoluto à tarde. Saí cedo na terça-feira para fazer um checkup de rotina na Unimed da rua Olavo Barreto Viana – por sinal, nota 10 para as atendentes. Sempre tive veias finas, então é um drama para capturar meu sangue. Não desta vez. Foi mamão com açúcar. Fim do parêntese.

Rapaz, dava até medo de caminhar na cidade deserta. Você podia atravessar ruas outrora movimentadas sem dar bola para o sinal. Depois, dei um pulo no jornal, posto que sou Duque de Caxias, alinhavei estas mal traçadas linhas e… abro outro parêntese: corretor de texto, vai para o diabo que carregue com tuas sublinhadas em vermelho e azul. Encasquetou com o “mal traçadas” e não dá opção. Você foi muito mal-educado por quem te criou, paspalho.

Estão vendo? Não consigo nem mesmo contar como foi meu dia 31 e lá vem a tecnologia me aporrinhar.

Como eu estava contando, depois de cumprir meu destino de CDF, dei um pulo no Centro. Tudo meia boca ou fechado. Comi uma omelete dupla no Café À Brasileira – uma dupla de ovos é pouco. E antes que me esqueça, não, meu colesterol é baixo e nem todo o colesterol do filho estéril da galinha se transforma em mau colesterol. O ovo já foi redimido.

De tarde, foi como a manhã só que no deserto em matéria de temperatura. Voltei ao JC, escrevinhei mais um pouco e fui para casa para o cerimonial de praxe. No dia 31 de dezembro de 2020 vai ser a mesma coisa, com um detalhe: como é ano bissexto, vou viver um dia a mais. Que acrescentarei aos outros 19 que ganhei de bônus ao longo da minha vida. Isso o governo não vê.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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