Fernando Albrecht e a propaganda

20 mar • A Vida como ela foiNenhum comentário em Fernando Albrecht e a propaganda

A Vida como Ela Foi de hoje é contada pelo publicitário João Firme: 

    Falar de um colega do bem, tão bom profissional como Fernando Albrecht, não é fácil. Fui seu leitor em outro veículo e continuo sendo no Jornal do Comércio, assíduo. Viajava muito para atendimento de clientes do interior e inúmeras boas contas em Porto Alegre. Eu era seu confidente em informações da nossa economia, para quem sempre gostei de trabalhar com a propaganda.

    Encontrava-me com ele aos domingos, depois de minha missa das 9h30min, na Pompéia, que era perto do apartamento dele e do meu, na Comendador Coruja. Nosso assunto era a notícia com exclusividade. Ele não escrevia “releases”, e muitos que enviaram pelo departamento de imprensa da Arauto Publicidade foram para o lixo. Dava a informação que a economia queria, sem prejudicar a propaganda, que é o maior investimento para vender.

    Lembro de um dia quando cheguei no Liliput, com um quarto de ovelha que havia ganho de um fazendeiro, parente da minha esposa, de Alegrete. Fui buscar o presente naquele domingo, às 6h30min, na rodoviária. Veio em mãos pelo motorista. Encontrei o meu colega da ARI e da Comissão de Ética, Sergio da Costa Franco, também esperando um “saco” de ovelhas de um estancieiro de Quaraí. Este tinha gostado do artigo ”descendo a lenha” na censura prévia imposta ao Jornal do Brasil, Rádio Gaúcha, Veja e um jornal de Novo Hamburgo.

    O Fernandinho ficou sabendo da história no meu livro, quando o Sergio declarou que nós dois poderíamos ser investigados como abigeatários, condenando-nos pela atitude. Nunca mais aceitei presentes proibidos.

   Certa vez, me envolvi com a Polícia Federal por deter dois pilotos de um jatinho paraguaio, oito jornalistas do ABC Color que, chefiados pelo genro do marechal Stroner, vieram participar do Festival de Publicidade de Gramado em 1985, quando Otávio Gadret foi patrono e o Germano Rigotto inaugurou o evento com a Dona Ione Sirotsky.

   Os policiais acharam pedante o homem de branco, que tirava baforadas de charutos na verificação das malas e estava alcoolizado. Desconfiaram de uma harpa que era presente para o cônsul Paraguaio. Acharam que ali tinha “marijoana” e estavam pensando em abrir o grande instrumento de cordas. Pedi para falar com o superintendente da PF no Aeroporto, usando minha carteira da OAB. Permitiram-me a entrada. Fui logo dizendo que eram meus convidados para o Festival de Publicidade e ouvi a história do porquê da demora na liberação.

   Fiz uma proposta com argumentos, aceita na hora: “Libere os pilotos e os jornalistas, não abram a harpa. O cônsul está no aguardo, muito nervoso. Me ponha ao telefone com o Superintendente Federal, caso contrário vou pedir socorro já para a OAB”. Falei com sustentação oral que nada tínhamos a ver com os turistas que entram legalmente e estejam embriagados.

   Minha tese foi aceita e, para surpresa, na hora da homenagem como o jornal que mais divulgou o Festival de Publicidade no Paraguai, na feijoada oferecida pelo Patrono Otávio Gadret, fui chamado ao palco e ganhei a harpa com a justificativa do presidente do ABC Color.

   O Fernando me surpreendeu ao historiar meu diálogo com a PF (não sei onde conseguiu as informações) e publicou o régio presente, a foto com a harpa que é mais alta que eu. Doei-a para uma escola de meninos músicos carentes de Caxias do Sul, mantida pelo Raul Randon, dando a informação do meu diálogo cordial com a Polícia Federal.

    Que maravilha de história, Fernandinho. Sei que você não bebe, mas quando eu for chamado, vou perguntar para São Pedro se é permitido uma taça por dia do vinho de Cristo, que aprendi a tomar como sacristão em Santa Rosa e depois com o Raul Randon (que está no céu feliz). Ele sempre me esperava nas reuniões, no final da tarde, com uma taça de tinto para saborearmos. Hoje minha neurologista e geriatra me receitam duas e continuo vivendo.

   Boa noite, companheiros e companheiras.

 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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