Fantasmas de museu
Deu no jornal que o quadro La Gommeuse, pintado por Pablo Picasso quando tinha 19 anos, foi vendido por US$ 67,5 milhões. Retrata uma prostituta “totalmente seminua”, como eram anunciados o show da castelhana que atendia pelo codinome Conchita de Los Rios, na zona de uma certa cidade da Fronteira Oeste.
Picasso é um dos poucos pintores famosos que ganharam fortunas ainda em vida. Até hoje coço a cabeça com aquela história de uma pomba rabiscada no guardanapo de um restaurante pagar a conta de lauto jantar do careca. Quando eu crescer, quero ser assim. Faço um xis no guardanapo do Restaurante Pampulhinha para pagar lagosta com legumes, só o rabinho do crustáceo.
O tio Van Gogh, por exemplo, morreu pobre e louco pela intoxicação crônica causada pelas tintas. Rembrandt foi outro. E o que dizer do meu querido Franz Schubert, outro pobretão? Nem vou falar nos escritores como o Edgar Allan Poe e o Oscar Wilde. Acho que morreram sem ao menos ter grana para um farroupilha e uma taça de café.
Então, quando me contam que os museus têm fantasmas e que são sentidos e até vistos nas madrugadas dos Louvre silenciosos, acredito. E vou mais longe: são fantasmas dos artistas hoje famosos que têm quadros expostos lamentando a mala suerte. Que triste eterno fim! Se pudessem se comunicar mais abertamente, certamente pediriam seus royaltes, direitos autorais post mortem. Acho justo, e vou mais, seria voluntário dessa nobre causa.
Só tem um problema. Como é que vou enviar o dinheiro para o lugar onde eles estão? Como se entrega dinheiro para um fantasma?
Ora meu prezado, pergunte aos ‘Amigos” do Nelson, aquele do epiteto, que estes sabem. Tem um que sempre diz….isso não é meu.