Eu, vírus
Vocês humanos são engraçados. Contam como foram criados ora a partir de uma costela, ora como um acidente da natureza, quando não com origem de outras galáxias. Acham-se os reis da cocada preta mesmo que desde o nascer façam de tudo para se aniquilar mutuamente. Mas cantam marra como se divinos fossem. Pobres coitados. Eu, meus irmãos e primos nascemos antes de vocês. Vocês ainda viviam em árvores.
FINGIMOS QUE FOMOS…
Ao contrário de vocês, evoluímos para renascer constantemente. E cá entre nós e nosso virologista, a rigor nem seres vivos somos, mera capa de proteína que precisa da célula humana para se reproduzir. E temos feito isso com enorme prazer. Verdade, com o tempo ficamos mais mansos e até nos escondemos, mas como naquele filme no samba dos Demônios da Garoa, oi nóis aqui traveiz.
…OLHA NÓS OUTRA VEZ
As vacinas? Ora, não me façam rir. A cada uma que tomam impedem o fortalecimento da raça humana. A lei do mais forte, morou, Moraes? Se não morou até agora, não mora mais. Seres frágeis e incompetentes derrotados por algo que nem mesmo enxergam sem uso de microscópios. Olha aqui, o pusilânime, eu sou o Davi, vocês os Golias, fracotes e metidos a besta.
PAUSA PARA CULTURA MUSICAL
NO COMPASSO DO TEMPO PERDIDO
E além dessa bronca de pandemia, somos um país que não toma tenência. Olha o grenal em que nos transformamos. Um grita mata, e outro, esfola. Falta uma banana nas armas da República.
QUANDO EU ERA PEQUENINO
Sempre me diziam “estude”. Então estudei e cheguei onde cheguei. A duras penas, diga-se. Em uma quadra da vida estava eu matutando em voz alta sobre o excesso de azares e falta de sortes. Um amigo de colégio, um ser que labutava como um cão, mesmo com dois canudos universitários debaixo do braço, botou as mãos nos meus ombros.
– Meu amigo, eu cometi três grandes erros na minha vida: sai do interior, estudei e casei. Três âncoras que deixaram meu navio fundeado no porto.
PARA ONDE VOU?
Deve estar se perguntando o ministro Weintraub, defenestrado da pasta da Educação e hoje sem eira nem beira. Dizem que o chefe pode nomeá-lo embaixador em Portugal. Os diplomatas de carreira da Casa de Rio Branco já estrilaram, e com toda razão.
UMA CASA PORTUGUESA SEM CERTEZA
Se seu nome for enfiado goela abaixo do Itamaraty, não será grande consolo para ele. Se ainda fosse para o circuito chamado antigamente por Elizabeth Arden, Washington, Londres e Paris, tudo bem… Mas ser cabeça de sardinha é brabo. Ser rabo de baleia talvez fosse melhor.
NORMAS ISO
Quando estas normas de qualificação surgiram, nos anos 1990, toda empresa queria ter a ISO 9000 e, em seguida, as demais que vieram., 9002, 9004 e outras. Bom para o jogo do bicho. Era um festival de números significando… significando o que mesmo? Fazer tudo igual, ora. A mesma peça, o mesmo equipamento, o mesmo procedimento.
PROPAGANDA VERAZ
No auge das ISO, final de 1990 inicio de 2000, uma casa noturna de Porto Alegre colocou uma faixa informando que as garotas da casa tinham a norma ISO 9000 mil. Finalmente vi uma propaganda não-enganosa.
EU IA DIZENDO?
Ah sim. O isolamento e suas circunstâncias tem norma ISO 9000. É tudo igual, todo santo dia passamos pelas mesmas coisas e recebemos as mesmas informações com alterações apenas nos números. Ô, coisa chata. Nem ponto de exclamação merece.