Cinco dedos de confirmação
Eleições para prefeito em uma cidade de uma galáxia muito distante há poucas décadas. Um doador anônimo contribuiu com cinquenta mil dólares terráqueos para o candidato a prefeito que despontava nas pesquisas. Ainda havia comícios naquele tempo, então o tal doador, empresário de nomeada foi ao evento para aplaudir o candidato e lembra-lo do gentil oferecimento.
A cada duas ou três frases ditas pelo candidato, o público militante aplaudia ou levanta os entusiasmados braços. Lá pelas tantas do jorro dos decibéis do candidato e no intervalo das palmas, o tal empresário levantou e abanou a mão direita com os cinco dedos bem separados com a mensagem criptografada de “eu dei cinquenta mil dólares, excelência, não esquece de mim!”.
A mão erguida enquanto as demais estava abaixadas salientava-se mais que um vagalume em quarto escuro. Sem interromper a fala, o político que gesticulava como todos os colegas também levantou a mão direita de forma inocente. Só que em vez dos cinco dedos de confirmação ele escamoteou dois, o anelar e o minguinho. Recado direto: só recebi 30 mil, que papo é esse?”
O diabo é saber quem ficou com os outros vinte.