El Chapo S.A

23 set • ArtigosNenhum comentário em El Chapo S.A

Na passagem do século, ou seja, há 15 anos, a Revista Time fez uma relação dos 100 homens mais importantes ou mais progressistas do século. Lendo o artigo que foi capa e teve muitas páginas, fiquei surpreso em encontrar texto e foto de Al Capone: gangster conhecido.

A revista não estava analisando se correto ou incorreto, mas o empreendedorismo e habilidade comercial. No caso do Mr. Capone, cujo Al vem de Alfonse, o que o colocou com importantes companhias foi o fato de ele ter transformado uma empresa “familiar” em uma organização gigantesca. A recente fuga de “El Chapo” de uma prisão mexicana o igualou nas manchetes.

Fiquei pensando… Faltam ainda 85 anos para o fim do século e não me surpreenderei da foto de capa ser de Joaquím Guzmán pois, se o Cartel de Sinaloa fosse uma empresa, teria mais afiliadas que qualquer companhia mexicana. Com presença em 17 estados e 54 países – mais que a América Móvil (19) e Cemex (50).

A gênese do Sinaloa remonta a serra da região que leva seu nome, onde o cultivo de ópio e maconha existe desde sempre. De Miguel Ángel Gallardo – fundador do Cartel– até Joaquín “El Chapo” Guzmán, dezenas de chefes nasceram nessas montanhas.

São os genuínos herdeiros dos contrabandistas que, nos anos 1930 e 1940, passavam a droga para o outro lado da fronteira a fim de satisfazer os consumidores americanos. São os líderes indiscutíveis do mercado dos EUA: dominam 30% do setor de cocaína e maconha, mais de 60% do de heroína, e 70%de metanfetamina. Suas vendas são estimadas em US$ 3,2 bilhões ano.

A localização geográfica é outro exemplo de visão estratégica. O Sinaloa controla ainda os cruzamentos estratégicos até os EUA (Tijuana, Juárez, Mexicali) que garantem o acesso ao seu grande mercado: a Califórnia. Veja a sua abrangência.

Desde 31 de março de 2011 – “Três membros do cartel de Sinaloa enfrentam a pena de morte na Malásia”; 3 de fevereiro de 2014 – “O avião recentemente destruído na Venezuela operava para o cartel de Sinaloa”. A lista continua. Um jornal australiano afirma que o cartel chegou a Oceania graças aos seus vínculos com a italiana N’drangheta e a japonesa Yakuza. No Canadá, conseguiram uma aliança com os Hell’s Angels.

E outra aliança fundamental: a China, ilustrada pelo misterioso caso de Zhenli Ye Gon, empresário farmacêutico chinês que se transformou no principal fornecedor ao cartel municiando-o para fabricar metanfetamina. Ele foi detido em casa com mais de US$200 milhões em dinheiro em 2007.

Seus sistemas de transporte evoluíram para túneis de alta engenharia, barcos, submarinos e uma potente frota de aviões. Os 3.185 quilômetros de fronteira com os EUA estão atravessados por mais de 170 passagens subterrâneas.

A segunda fuga de El Chapo da prisão elevou ainda mais sua fama. A ele são dedicadas canções, capuzes, camisetas e grafites. Ele virou uma marca. Uma macabra marca para uma empresa ilegal, que só nos últimos dez anos, deixaram ao menos 80 mil mortos.

Flávio Del Mese

Flávio Del Mese nasceu em Caxias, mas tem quase certeza que sua cegonha passou a baixa altura e foi abatida. Isso frequentemente acontece com quem voa por lá, sejam sabiás, tucanos, corujas ou bentevis, mas não tem queixas. Foi bem recebido tanto na infância quanto na juventude, assim como em Porto Alegre, onde chegou uns 15 anos depois, já sem cegonha e a cidade o embala com carinho até hoje. E ele sabe do que fala, pois conhece 80% dos países do globo. Na Europa só não esteve na Albânia, da América só não conhece a Venezuela (prevendo quem sabe, que do jeito que vamos, em breve seremos uma Venezuela). Na Ásia, não passou pela Coréia do Norte e pelo Butão, mas à China foi 6 vezes e também 6 vezes esteve na Índia, sendo que uma delas deu a volta no país de trem, num vagão indiano, onde o até hoje, seu amigo Ashley, tinha uma licença para engatar o seu vagão atrás das composições cujos trilhos tivessem a mesma bitola. Sua incrível trajetória de vida é marcada por uma sucessão de acasos que fizeram do antigo piloto da equipe oficial VEMAG (vencedor de 5 edições de Doze Horas), em um dos fotógrafos mais internacionais do Brasil. Tem um acervo de 100 mil fotos- boa parte delas mostradas nos 49 audiovisuais de países que produziu e mostrou no Studio durante 20 anos e que são a principal vitrine do seu trabalho (inclusive o da volta na Índia de trem). Hoje dedica-se a redação e atualização dos Blogs Viajando por viajar e Puxadinho do Del Mese com postagens sete dias por semana.
Extraído de reportagem:
Ademar Vargas de Freitas
Clóvis Ott
Juarez Fonseca
Marco Ribeiro

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