Duas luas

22 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em Duas luas

Um poema de Alphonsus de Guimaraens me marcou para sempre. O nome é Ismália. Nos tempos de ginásio, éramos obrigados a ler e poesias dos diversos ciclos, parnasiano, romântico, clássico etc. e, eventualmente, o professor exigia que decorássemos alguns. No máximo, consegui preservar na memória alguns versos, caso do I-Juca Pirama (Gonçalves Dias), Meus Oito Anos (Casemiro de Abreu). Quanto melhor a métrica, melhor para memorizar.

Os versos de Ismália me vieram à mente quando vi esta foto de Beto Rodrigues, de Capão da Canoa, misturando a lua e a nova iluminação da Beira Mar de Capão. Ei-lo:

Beira-mar em Capão da Canoa, com a imagem da lua refletida na água

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar
Estava perto do céu,
Estava longe do mar

E como um anjo pendeu
As asas para voar
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »