Duas luas
Um poema de Alphonsus de Guimaraens me marcou para sempre. O nome é Ismália. Nos tempos de ginásio, éramos obrigados a ler e poesias dos diversos ciclos, parnasiano, romântico, clássico etc. e, eventualmente, o professor exigia que decorássemos alguns. No máximo, consegui preservar na memória alguns versos, caso do I-Juca Pirama (Gonçalves Dias), Meus Oito Anos (Casemiro de Abreu). Quanto melhor a métrica, melhor para memorizar.
Os versos de Ismália me vieram à mente quando vi esta foto de Beto Rodrigues, de Capão da Canoa, misturando a lua e a nova iluminação da Beira Mar de Capão. Ei-lo:
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar
Estava perto do céu,
Estava longe do mar
E como um anjo pendeu
As asas para voar
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar