Dos pássaros aos aviões
Há cinco anos, a Lufthansa estreou o primeiro Airbus A320 da frota equipado com extensões nas pontas das asas, os sharklets – não confundir com os atuais winglets. Com 2,50m de altura e em formato de barbatana de tubarão, daí o shark, permitem uma economia no consumo de combustível de até 4%. Mais uma vez, a natureza inspirou a engenharia aeronáutica. Pássaros grandes, como o grou e o condor, dobram as penas durante o voo e, com isso, dispendem menos energia e ficam no ar por mais tempo.
Regurgitei uma história que me perturba desde os tempos de adolescente. A revista Seleções do Reader’s Digest, muito lida na época, trazia o caso de um piloto da Marinha dos EUA que, na segunda metade dos anos 1940, constatou o mesmo fenômeno nos pássaros quando voava em um caça Corsair sobre as ilhas do Pacífico Sul. Depois de estudar o voo das aves, chegou à mesma conclusão que a engenharia aeronáutica quase 70 anos depois.
Nunca esqueci aquele texto, lido e relido com fascinação. Sou capaz até de fazer um desenho tosco da ilustração. O piloto naval chamou esta técnica de dobrar as penas das asas de “ângulo diedral”. Sugeriu que os fabricantes de aviões usassem o mesmo estratagema. Afinal, se com menos energia os pássaros voavam mais, deveria acontecer o mesmo com os aviões.
Ninguém o ouviu.
Estava à frente do seu tempo.