Do sobrenome ao chip
O sobrenome tal como o conhecemos nasceu depois da volta dos cruzados da Terra Santa. Em gratidão pela luta contra os inimigos da cristandade, receberam terras em vários países europeus. E como identificá-los face à crescente atividade econômica nos domínios? Usando sua profissão ou outra circunstância que os definisse. No caso alemão, temos Ritter (cavaleiro), Schneider (alfaiate), Selbach (sal em alemão arcaico + bach, arroio), para usar meu sobrenome por parte de mãe.
Desta forma, famílias ricas, nobres e a realeza faziam questão de ter a sua árvore genealógica, para que pudessem saber sua filiação. Acho bonito. Mas, à medida que os sangues se cruzam, é cada vez mais complicado para os que têm ascendência europeia. O sobrenome era vital. Registro com pesar que hoje não são poucos que mal e mal sabem o nome dos avós, nem de onde vieram, moraram ou sua profissão.
Centenas de anos depois, foi criado o documento de identidade e variações, como a carteira de motorista – nos Estados Unidos vale o número do registro social. Mais e mais dados foram acrescentados para identificar uma pessoa, digitais, impressão palmar, íris dos olhos e chip.
Mas nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei que um dia até os bebês teriam que obrigatoriamente ter CPF – saiu uma instrução neste sentido. Pensem na implicação disso, no controle dos humanos assim que nascemos. Somos números para efeitos fiscais. Pior que o pecado original, já nascemos devendo.
Nem George Orwell teria imaginação para tanto.
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