Do manual ao automático

28 ago • Caso do Dia1 comentário em Do manual ao automático

 A era do automóvel massificado no Brasil começou timidamente na segunda metade dos anos 1950, então era um brinquedo novo. O que já dera certo no exterior ainda não colava aqui, caso do câmbio automático. Os americanos já os fabricavam no final dos anos 1940. O preço da caixa era alto e, além do mais, brasileiro gostava de trocar as marchas manualmente, com a indefectível apertadinha no acelerador para fazer o que se chama de kickoff. Os compradores usavam todo tipo de argumento para não comprar um carro com câmbio automático. Um verdadeiro é que a troca de marchas era lenta, pura verdade.

 Este tipo de transmissão começou timidamente nos anos 1970 em diante, especialmente, com o Ford Galaxie (já nos anos 1960), seu sucessor, o Landau, e nos anos 1980 o mais o Ford Del Rey e o Dodge Polara, este fabricado na Argentina. As gerações mais novas curtiam o sistema manual, em parte pelo gosto que tínhamos pelas corridas.

 Com a importação em massa de modelos estrangeiros durante e depois do governo Collor, a maioria com transmissão automática, a moda foi pegando. No início, o custo era muito alto, mas, com a escala, foi ficando palatável. E quando chegaram a segunda e terceira geração, não tinha mais desculpa. Acreditem em mim: quem tem carro automatizado com dupla embreagem, troca de marchas rápidas como os carros de corrida, nunca mais quer outro câmbio. Além do mais, faz kickoff como se manual fossem sem precisar pisar no acelerador.

 Tudo isso porque na semana passada saiu um recenseamento: 47% dos automóveis no Brasil já não usam mais o câmbio manual. E crescendo. Mas há que reconhecer que um poderoso fator deve ser levado em conta, o trânsito travado nas cidades, o arranca-para, ruas entupidas de veículos. Chegamos então ao reconhecimento de que só acelerar e frear sem usar a embreagem melhora barbaridade a cansa quase nada. Um fator de estresse a menos. Experimente, se não tiver um. Nunca mais vai querer o manual.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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One Response to Do manual ao automático

  1. Takechi Sato disse:

    Acredite ou não: o câmbio automático foi inventado no Brasil por um brasileiro!

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