Distrito Erótico da Cristóvão (final)
Ontem falei sobre o Waldemar, nome genérico do dono, casa noturna localizada do lado esquerdo no início da rua Cristóvão Colombo no sentido bairro-centro, já perto da Barros Cassal. Do outro lado da rua, havia três casas, a Nega Teresa, o Isidoro e, mais abaixo, perto do posto de combustíveis, o Sans Chiqué ou Chiquê, cujo dono atendia pelo apelido de Dezoito. Esta era uma casa mais escancarada de garotas de programa, mas no sentido de bico. Ou meio expediente, como queiram.
Boa parte das garotas tinha empregos formais, certinhos, carteira assinada e FGTS, mas complementavam a renda com o dinheiro dos programas. Não era o cabaré clássico dos anos 1960, pista de dança de rosto colado e música na base de boleros e de dor de cotovelo.
A diferença fundamental entre os cabarés antigos e essa fornada dos anos 1970 é que nestes você podia ir como num bar comum. Nenhuma mulher pularia no seu pescoço. Executivos até preferiam essas casas para discutir negócios em um ambiente mais relaxado. Soa estranho, mas era isso mesmo.
A Nega Teresa, pequeno como o Isidoro, era de propriedade de dois espanhóis. O Isidoro, bem, o Isidoro tinha uma casa minúscula que nos anos 1960 abrigava um dos melhores bares que conheci, o Bob’s Bar, Cristóvão Colombo, 36. Nunca mais comi um bolinho de peixe à milanesa envolto em molho remolhado dos deuses como o do seu Roberto.
Meninos, eu vivi.