Diário de uma vida nova

13 mar • Caso do Dia5 comentários em Diário de uma vida nova

Dia 1, terça-feira. 13 de março.

 00:00h

    Dentro de seis dias me internarei em um dos hospitais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre para uma cirurgia a fim de retirar um tumor. Câncer no reto, para ser claro. Agora entendo profundamente o ditado popular de “deixar o seu na reta”. Reto, no caso. A previsão é de que eu fique no hospital entre nove e dez dias. Depois, uma semana e pouco em casa. Se tudo der certo, em três semanas estarei de volta no grid de relargada. Durante todo esse tempo escrevendo sobre o processo. Não temam, não vou chorar as pitangas nem o leite derramado.

Grid de largada

     A primeira curva venço já no domingo, com uma série de exames complementares para demarcar território. Um ou dois dias depois, entro na faca. Como começou? Um checkup completo com o doutor e amigo de longa data Fernando Lucchese deu o alarme. Duas alterações, um no eletro – que se revelou normal – e outro na colono. Abrevio o termo porque os médicos adoram diminutivos, eles e os dentistas. É dermo, colono, eletro e coisa e tal. Dentista, especialmente as mulheres, falam em dentinho, bochechinha, cariezinha, nervinho, ouviu, vou dar uma picadinha na tua grengivinha, a dorzinha passa rapidinho.

Sai de baixo

     O preparo deste exame é um saco. Dois dias com rígido controle alimentar e líquido, nada disso, nada daquilo. O ruim é ficar sete horas sem beber nada antes do exame. A fronteira da sede suprema termina depois de ingerir 250 ml de um líquido doce. Acrescente outro tanto de Guaraná, sugeriram. Mais doce ainda. Uma hora depois, sai de baixo. Com todo o intestino esvaziado, você quase flutua pelo peso descarregado.

O Zeppelin

     Fiquei imaginando. No tempo dos dirigíveis, a tripulação abria tanques de lastro com água para aliviar o peso e fazer o dirigível subir. Se eu soubesse o que sei hoje e pudesse voltar no tempo, diria para o meu xará Ferdinand von Zeppelin que mandasse toda a tripulação tomar esse laxante ainda em terra.

Transparência

     Interessante como funciona a medicina moderna, especificamente as imagens de tomografias e aquela câmara de vídeo que introduzem no túnel, aquele, vocês sabem. Mesmo com toda a escuridão, a câmara possibilita transparência total. Duvido que alguma empresa ou área pública a tenha tão completa.

Os sinais

      E por que não fui ao médico antes, quanto os primeiros sintomas apareceram? Eu culpava minha intolerância a alguns tipos de alimentos, talvez glúten. Ou seja, eu botava no do glúten. No dos outros, é colírio. Sem contar que TODOS os exames clínicos (sangue) deram normal e ecografia idem. Além disso, caminho entre 4,5 a 5 mil metros, dia sim dia não, na academia do União há anos, fora os ferros (braços e pernas). Zero fraqueza. Já não se faz mais câncer como antigamente.

O balanço

      O primeiro impacto te derruba um pouco, depois você assimila o golpe. Eu pretendo escrever sobre meu problema mas com meu toque de humor. Meu rabo jamais será um muro de lamentações. O que será, será. Amanhã saberei mais detalhes e aí eu conto o causo como o causo é.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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5 Responses to Diário de uma vida nova

  1. jaime disse:

    Boa sorte, vais sair bem! abração, fica com Deus!
    Jaime cimenti

  2. Alfredo Daudt JR disse:

    Da nada, piloto. Vai dar tudo certo. Abraço fraterno, colega.

  3. otalio camargo disse:

    Caro amigo e colega Fernando. Não consegui acesso ao FALE CONOSCO. Por isto estou presente aqui via um colega que registrou comentários sobre tua batalha de saúde. Mas, gostaria de saber quais os sintomas dessa doença ? Quanto tempo levou para saber que o fato era sério ? Alguns alimentos não recomendáveis ? Grato pela atenção. Jorn. Otálio Camargo

  4. Estamos na torcida aqui por você. Um abraço.

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