Diário de uma Vida Nova

27 mar • Caso do DiaNenhum comentário em Diário de uma Vida Nova

Dia 15, 27 de março.

Viagens em volta do meu quarto

O título é de um escritor francês chamado Xavier de Maistre, do século XVIII, que influenciou fortemente Machado de Assis. Na romance satírico, mostra viagens fantásticas feitas pelo autor entre sua cama, a cômoda, etc. O detalhe é que ele o escreveu quando estava em prisão domiciliar. Por isso, eu me inspirei nele porque estou em prisão hospitalar.

Corredor

Ontem de manhã, tentei escapulir dos meus domínios para o corredor do Hospital São Francisco. Mas senti as pernas um pouco bambas- o abdômen estava doendo muito – então, voltei ao meu quarto com os cenários fantásticos que eu posso criar sem nenhuma censura.

Guia Michelin

Não me entendam mal, mas a minha veia humorística me faz ironizar todos os aspectos relacionados a minha internação. Então, vamos começar com a análise do cardápio como se fosse feito por um crítico do Guia Michelin.

Na noite de domingo, a canja de galinha, antes rala, foi engrossada com batata amassada. Quase desmaiei de emoção. Finalmente, comida de verdade. Ontem de manhã, comi duas fatias de pão de sanduíche com manteiga e geleia, acompanhado de uma taça  de café com leite. O Guia Michelin dá, no máximo, três estrelas para os restaurantes que analisa em todo o mundo. E a minha canja ganhou uma estrela. O que já é a glória para qualquer estabelecimento.

Picadinho

Ontem ao meio-dia, comi uma espécie de picadinho de galinha com molho acompanhado de arroz empapado. Devem ter algum motivo para escolher esta variedade. Porque até pensei em levar a sobra para casa afim de, eventualmente, usá-la como massa de vidraceiro. À noite, veio um picadinho com polenta mole. Muito bom. Que ganhou duas estrelas no meu Guia Michelin particular.

Aguardo com ansiedade o cardápio de hoje. Assunto sobre o qual informarei os quem queridos amigos e leitores.

Pressão

Aparentemente, voltando à vaca fria das pernas bambas que descrevi acima , deveu-se a uma ligeira queda de pressão, porque não sou hipertenso. Dizem que a natureza é sábia, no que eu discordo. Se fosse, a pressão do corpo humano seria de gás nitrogênio (que se põe nos pneus dos carros). Só perdem uma libra por mês e olhe lá. Se tivéssemos nitrogênio no corpitcho, como estou dizendo, ninguém teria queda de pressão.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »