Da panela para o chuveiro
As Casas Pernambucanas estão de volta ao mercado gaúcho. O Bom Bril nunca saiu e está firme desde que eu me conheço por gente, é a palha de aço que tinha mil e uma utilidades, seu apelo publicitário. As Pernambucanas ganharam lojas em todo o Brasil. Quando fui bancário, todo final do expediente vinha o gerente da loja depositar o faturamento do dia, que nem mesmo esquentava na conta – a razão social era Lündgren Irmãos Tecidos S.A., família que hoje só tem um terço do negócio, destino muito comum em empresas familiares.
Esse sistema de enviar imediatamente o depósito chamado de Ordem de Pagamento (por telegrama) para a matriz irritava o gerente do Banco da Província, porque o depósito não esquentava nem um dia na conta, o que não gerava efeito de volume de depósitos que era o termômetro do sucesso de uma agência – e do gerente. Mas, ordens são ordens.
O Bom Bril fazia jus ao slogan. Vocês devem conhecer muitos usos, inclusive quando já está gasto e na hora de botá-lo fora, como abrir os furos dos chuveiros e outros. Mas o Bom Bril salvou, não digo minha vida, mas meu moral. Você desfia a palha de fios bem finos, pega duas pilhas (podem ser gastas, também funciona), coloca as pontas nos polos positivo e negativo e surprise, fiat lux!
Quantas e quantas vezes acendi fogueira com esse artifício. Fico imaginando se o Bom Bril existisse na pré-história. Fogueiras instantâneas dariam todo o poder do mundo ao incendiário.
Imagem: acervo vereador João Carlos Nedel