Da igreja ao estádio
Uma foto publicada na edição de ontem de ZH me fez lembrar que os tempos não só estão mudando muito, mas que a cultura, o jeito de ser da sociedade atropela e passa por cima de tudo o que ainda ontem parecia ser imutável. Refiro-me à foto em que duas mulheres se beijam e anunciam seu casamento durante o último grenal. Não tanto pelo aspecto homoafetivo, há a singularidade de anunciar casório em meio a um jogo de futebol. É brutal a velocidade com que o casamento mudou seu ritual.
QUANDO A VIRGINDADE ERA LEI
Não faz muito, tudo era no esquema clássico, namoro, noivado, frequentar a casa dos pais da noiva, comprar as alianças, contratar local da festa e escolher o cardápio, marcar com o Cartório de Registro Civil e escolher uma data na igreja, convidar padrinhos, mandar os convites de casamento e escolher onde passar a lua de mel e depois de cortar o bolo, ir, como direi sem ser solene, ir para o quarto. Beijo em público depois do padre dizer que vos declaro blá blá blá não sem antes advertir a quem interessar possa que é o momento de trazer à luz algum impedimento que evite o casório.
O PASSADO ME CONDENA
Tirando as lendas urbanas, nunca soube de um caso real em que aparece um tertius desmancha-prazeres falando alguma coisa sobre a ficha corrida sexual da noiva ou do noivo, uma enorme tragédia que marcará a família por gerações. Hoje, seria motivo de riso. A pompa e a circunstância foram dando lugar à informalidade, mas não para todos. Ainda há quem queira cumprir todo o cerimonial a rigor, nada de festas muito profanas. Para fazer isso só se os noivos forem muito ricos ou muito pobres.
A ROTINA
O ritual do casamento desde o cartório até a chegada da noiva eternamente atrasada na igreja, a tensão que se desfaz depois da cerimônia alavancada pela primeira taça de espumante, as velhotas derramando docinhos em guardanapos que rumavam para o fundo das bolsas só usadas em festas especiais, a valsa dos noivos, alguém da família de porre vomitando no banheiro, essas coisas tão comuns como roupas dependuradas nos varais do quintal, tão repetidas, tão sempre foi assim, tudo evaporou.
A VIDA CONTINUA
No largo estamento das classes médias altas e baixas o casamento se faz em grenal. Sem bolo, alianças de bijuteria, mas com beijo escancarado em algum lugar público. Claro, a titia solteirona ainda desmaia em casamento homem-homem ou mulher-mulher, mas esses espasmos de espanto começam a se diluir. Virou normal. Um dia o casório clássico será “anormal”, pelo que vejo.
E O CIÚME TAMBÉM
Um dos únicos fatores que permanecerão nos casais sejam eles quais forem, será o ciúme. Como diziam as velhinhas cochichando entre si, o ciúme é o tempero do amor. Tempero às vezes incrementado com a cor da violência e com o vinagre da tragédia. Enfim, foi tudo tão rápido, tantas as emoções substituídas, mas ainda sim emoções, tudo isso em menos de uma geração. Vinte e cinco anos, pouco mais pouco menos, desde a emoção do sim no altar até o casamento em jogo de futebol. Parece que foi ontem.
O BRASIL QUE FUNCIONA
O ESTANDE da Braskem, na Praça da Alfândega, transportará os visitantes de um dos mais tradicionais eventos de Porto Alegre ao mundo da tecnologia que transforma o presente, pensando em um futuro sustentável. A experiência incluirá uma área em que o público poderá saber mais sobre o projeto Imprimindo o Futuro, que levou uma impressora 3D até a Estação Espacial Internacional e agora levará uma recicladora.
Por meio do projeto, os astronautas usam o Plástico Verde, criado no Polo Petroquímico de Triunfo, para imprimir ferramentas, que podem ser recicladas e transformadas em novos objetos. Canetas 3D estarão disponíveis para que os visitantes criem os seus próprios desenhos. Óculos de realidade virtual proporcionará uma visita guiada ao Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo, um dos principais centros de inovação da empresa.