Da igreja ao estádio

6 nov • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Da igreja ao estádio

Uma foto publicada na edição de ontem de ZH me fez lembrar que os tempos não só estão mudando muito, mas que a cultura, o jeito de ser da sociedade atropela e passa por cima de tudo o que ainda ontem parecia ser imutável. Refiro-me à foto em que duas mulheres se beijam e anunciam seu casamento durante o último grenal. Não tanto pelo aspecto homoafetivo, há a singularidade de anunciar casório em meio a um jogo de futebol. É brutal a velocidade com que o casamento mudou seu ritual.

QUANDO A VIRGINDADE ERA LEI

Não faz muito, tudo era no esquema clássico, namoro, noivado, frequentar a casa dos pais da noiva, comprar as alianças, contratar local da festa e escolher o cardápio, marcar com o Cartório de Registro Civil e escolher uma data na igreja, convidar padrinhos, mandar os convites de casamento e escolher onde passar a lua de mel e depois de cortar o bolo, ir, como direi sem ser solene, ir para o quarto. Beijo em público depois do padre dizer que vos declaro blá blá blá não sem antes advertir a quem interessar possa que é o momento de trazer à luz algum impedimento que evite o casório.

O PASSADO ME CONDENA

Tirando as lendas urbanas, nunca soube de um caso real em que aparece um tertius desmancha-prazeres falando alguma coisa sobre a ficha corrida sexual da noiva ou do noivo, uma enorme tragédia que marcará a família por gerações. Hoje, seria motivo de riso. A pompa e a circunstância foram dando lugar à informalidade, mas não para todos. Ainda há quem queira cumprir todo o cerimonial a rigor, nada de festas muito profanas. Para fazer isso só se os noivos forem muito ricos ou muito pobres.

 A ROTINA

 O ritual do casamento desde o cartório até a chegada da noiva eternamente atrasada na igreja, a tensão que se desfaz depois da cerimônia alavancada pela primeira taça de espumante, as velhotas derramando docinhos em guardanapos que rumavam para o fundo das bolsas só usadas em festas especiais, a valsa dos noivos, alguém da família de porre vomitando no banheiro, essas coisas tão comuns como roupas dependuradas nos varais do quintal, tão repetidas, tão sempre foi assim, tudo evaporou.

 

A VIDA CONTINUA

No largo estamento das classes médias altas e baixas o casamento se faz em grenal. Sem bolo, alianças de bijuteria, mas com beijo escancarado em algum lugar público. Claro, a titia solteirona ainda desmaia em casamento homem-homem ou mulher-mulher, mas esses espasmos de espanto começam a se diluir. Virou normal. Um dia o casório clássico será “anormal”, pelo que vejo.

E O CIÚME TAMBÉM

Um dos únicos fatores que permanecerão nos casais sejam eles quais forem, será o ciúme. Como diziam as velhinhas cochichando entre si, o ciúme é o tempero do amor.  Tempero às vezes incrementado com a cor da violência e com o vinagre da tragédia. Enfim, foi tudo tão rápido, tantas as emoções substituídas, mas ainda sim emoções, tudo isso em menos de uma geração. Vinte e cinco anos, pouco mais pouco menos, desde a emoção do sim no altar até o casamento em jogo de futebol. Parece que foi ontem.

O BRASIL QUE FUNCIONA

O ESTANDE da Braskem, na Praça da Alfândega, transportará os visitantes de um dos mais tradicionais eventos de Porto Alegre ao mundo da tecnologia que transforma o presente, pensando em um futuro sustentável. A experiência incluirá uma área em que o público poderá saber mais sobre o projeto Imprimindo o Futuro, que levou uma impressora 3D até a Estação Espacial Internacional e agora levará uma recicladora.

Por meio do projeto, os astronautas usam o Plástico Verde, criado no Polo Petroquímico de Triunfo, para imprimir ferramentas, que podem ser recicladas e transformadas em novos objetos. Canetas 3D estarão disponíveis para que os visitantes criem os seus próprios desenhos. Óculos de realidade virtual proporcionará uma visita guiada ao Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo, um dos principais centros de inovação da empresa.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »