Cuidado com o cão

17 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em Cuidado com o cão

 Falecido há uns quatro anos na idade de 70 anos, Luiz Waldemar Dexheimer e eu convivemos em vários cenários, entre eles o Jockey Club, o Bar Pelotense, o Chalé da Praça XV e o Restaurante Dona Maria. Estava sempre pronto para quebrar o galho de alguém, fosse qual fosse a bronca. Já contei vários causos do “um metro e sessenta”, como ele se identificava quando ligava para a redação do JC – o Luizinho media pouco mais de 1m60cm.

 Teve outro caso peculiar na sua biografia. Perto das 11h de um sábado de 1976/7, Luizinho entrou na Pelotense levando pela coleira o maior cachorro que eu já vi, um ser canino monstruoso. Porém dócil como nunca. O Luizinho pediu ao jornalista Carlos Coelho, que estava sentado bem no fundo do bar, que ficasse com ele, só o tempo de comprar jornal na banca da esquinas e voltar, vapt-vupt.

 O Coelho relutou, mas depois de demonstrações de afeto do cão até gostou da ideia. O cachorro era tão dócil que parecia estar sempre pedindo desculpas, lambia a mão mesmo levando um tapa, enfim, um ser totalmente submisso e inofensivo. De repente, assoma na porta um conhecido político de má reputação. Assim que o cão o viu, fez a cara mais feia do mundo e, após um grrrrr!!! maior grrrrr!!! que já ouvi na minha vida, se lançou em direção ao entrante.

 Parecia um tornado, espalhando pesadas mesas de mármore com armação de ferro, cadeiras e copas, deixando uma trilha de destroços pelo caminho, arrastando o Coelho preso a ele pela coleira. O cara se mandou ao ver o brilho assassino nos olhos do cão.

 O Luizinho chegou bem na hora e evitou a tragédia. Após o incidente, os ocupantes da Mesa Um ficaram um bocado de tempo discutindo porque cargas d’água um cachorro, que parecia uma moça candidata a ser freira, de repente se transforma em Mr. Hide – em uma fração de segundo. Quem matou a charada foi o engenheiro Pedro Magajevski, que Deus o tenha nas Eternas Destilarias. Arqueando uma sobrancelha e baixando a outra, como se usasse monóculo, deu a melhor explicação para o fenômeno.

 – Cachorro conhece cachorro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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