Cuecão de pelúcia

6 out • NotasNenhum comentário em Cuecão de pelúcia

O alegretense Luiz Odilon comentou em seu blog que não é bem assim a tese de que os invernos eram mais rigorosos antigamente, aí falando da faixa de pessoas com mais de 40 anos. A tese dele é que naqueles tempos, como dizia Jesus, usávamos menos roupa e menos roupa que realmente aquecesse, sem falar que temos estufas, calefação e outros apetrechos calóricos.

Certo, temos o El Niño que volta e meia torna os invernos menos rigorosos, esse moleque castelhano, mas o Luiz Odilon tem razão no atacado. De um lado essa questão das roupas. Olha, eu passava um frio danado porque edredons não existiam naquela época, e a coisa realmente quente era cobertor de penas de ganso, nem sempre disponíveis para os citadinos.

De resto, a salvação estava naqueles horrorosos cuecões de pelúcia. Luvas eram caríssimas e o que dava para comprar era a capa Tropeiro, da Renner, mais porque era impermeável e segurava o açoite do minuano ou do pampeiro.

Porém – e sempre tem um – acredito que havia outro fator que nossa memória tenha obliterado: éramos bem mais magros então, nós e as mulheres. Uma capa de gordura aquece bem. Eu, por exemplo, era magérrimo e sentia um frio dos diabos – para 1m79cm pesava 61 quilos até meus 23, 24 anos, então notava que os gorduchos tiravam sarro dos meus tremores.

Ironia dos tempos malucos que vivemos. Hoje não temos mais tremores, temos temores.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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