Criação, a falha (4)
Quando os animais passaram a ocupar o paraíso, o Criador se deu conta que houve lamentáveis falhas de projetos em um bom número deles. Então aqui vai um relatório sobre alguns deles.
A GIRAFA
Este animal de longínquo pescoço foi bem desenvolvido pela engenharia do paraíso, mas, infelizmente, esqueceram de deixar o pescoço imobilizado, e isso por uma boa razão: a girafa foi pensada como torre de controle para pássaros, concebidos como drones para fiscalizar o paraíso, quando pousavam para se reabastecer de comida em uma árvore ou para construir ninhos. Tanto que ela tem dois corninhos na testa, que deveriam ser antenas de radar para controle do circuito de tráfego, daí a sua altura.
Tudo indica que o almoxarifado celestial estava em falta dessa estrutura de imobilização, então deram-lhe vida sem ela. Então ela começou a comer as folhas das copas das árvores. Além disso, ficou livre para dar cabeçada nas outras girafas na luta para ser a girafa-alfa. Um horror, em resumo. Para piorar, as longas pernas facilitavam sua fuga da vocação original.
Todas as girafas ficaram felizes com a mudança na sua, embora sentissem dores terríveis quando nasciam. Cair daquela altura reto para o chão não é exatamente agradável. Quando as girafinhas levavam aquela porrada ao aterrissar diziam “ninguém merece…”. Foi assim que nasceu essa expressão.