Cretinices geniais (final)

7 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em Cretinices geniais (final)

O bom do Cine Vogue era ir para o bar depois da sessão. Podia ser o Styllo, no mesmo prédio, bem ao lado, ou poderia ser um lugar com dois “ado” -sofisticado e agitado, portanto caro, como a boate Butikim mais adiante. Havia uma ala do Partidão (PCB) que tinha uma célula lá. Eram os riquinhos que, para afastar o tédio, viraram marxistas, mesmo que só tivessem lido a meia orelha do “Das Kapital”. Os outros riquinhos gostavam é de se esbaldar. Eram, portanto, gente perfeitamente normal e saudável.

Um dos militantes do Partidão, que depois virou vereador ideologicamente comportado, costumava dizer nas entrevistas para a imprensa que, no tempo dos milicos, ele e outros militantes estavam firme nas barricadas. Um dia, falei para ele parar com essas histórias revolucionárias porque eu conhecia o passado dele e dos amigos: as barricadas eram barris de chope.

As mulheres, universitárias especialmente, amarravam-se em comunas que criavam frases do tipo “teses ontológicas sobre Marx”. Se o distinto também tocasse violão, deslumbrava o mulherio.

Foi minha maior falha de adolescente, aprendi a tocar gaita (acordeom), mas passei longe do violão. Entretanto, vou confessar uma coisa: com larga experiência na gandaia, na esbórnia e calaçaria, posso garantir que parte das gurias de esquerda das faculdades tinham conflitos, sexualmente inseguras.

Era o que as casas ofereciam.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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