Cretinices geniais (final)
O bom do Cine Vogue era ir para o bar depois da sessão. Podia ser o Styllo, no mesmo prédio, bem ao lado, ou poderia ser um lugar com dois “ado” -sofisticado e agitado, portanto caro, como a boate Butikim mais adiante. Havia uma ala do Partidão (PCB) que tinha uma célula lá. Eram os riquinhos que, para afastar o tédio, viraram marxistas, mesmo que só tivessem lido a meia orelha do “Das Kapital”. Os outros riquinhos gostavam é de se esbaldar. Eram, portanto, gente perfeitamente normal e saudável.
Um dos militantes do Partidão, que depois virou vereador ideologicamente comportado, costumava dizer nas entrevistas para a imprensa que, no tempo dos milicos, ele e outros militantes estavam firme nas barricadas. Um dia, falei para ele parar com essas histórias revolucionárias porque eu conhecia o passado dele e dos amigos: as barricadas eram barris de chope.
As mulheres, universitárias especialmente, amarravam-se em comunas que criavam frases do tipo “teses ontológicas sobre Marx”. Se o distinto também tocasse violão, deslumbrava o mulherio.
Foi minha maior falha de adolescente, aprendi a tocar gaita (acordeom), mas passei longe do violão. Entretanto, vou confessar uma coisa: com larga experiência na gandaia, na esbórnia e calaçaria, posso garantir que parte das gurias de esquerda das faculdades tinham conflitos, sexualmente inseguras.
Era o que as casas ofereciam.
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