Como se dançava no Kerb

22 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em Como se dançava no Kerb

 Continuando a saga dos Kerbs das colônias alemãs, passo a detalhar o modus operandi dos festeiros nos bailes nas localidades, em especial as do Vale do Caí, que é meu chão. Falo dos anos 1950 e 60, porque, depois dos 70, a maioneses desandou. O marco zero se deu quando as bandinhas passaram a usar teclados, uma blasfêmia sem dúvida. Então o colono ia ao baile para encontrar uma namorada, futura mulher e mãe dos seus filhos. Já na missa dominical. Como falei no capítulo anterior, os padres não viam com bons olhos baile aos sábados porque, devido à ressaca, os caras matavam a missa de domingo – olhares tímidos se cruzavam quando a bandinha atacava após a cerimônia, na rua, rumo ao salão.

 À noite de domingo, era a grande noite. Nos bailes de Kerb, alemão da colônia se esbalda, não economiza nas cervejas ou no chope, e nem mesmo ia trabalhar na roça segunda de manhã. Assim que as famílias ou grupos de rapazes chegavam no recinto, pediam cervejas e mais cervejas. O garçom não levava os cascos vazios embora, eles ficavam enfileirados em cima das mesas, nem que se buscasse uma auxiliar.

 Então o pé-de-valsa colimava o objetivo, a garota com quem queria namorar e casar. Fosse magra como é moda hoje, nem pensar. Tinha que ser robusta, possante, de preferência, e com ancas largas. Como os árabes, considerava-se muito fértil a mulher com ancas largas. Só não rebolavam como as dançarinas da dança do ventre. Era pecado.

(conclui amanhã)

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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