Comida de rico – o estrogonofe

24 nov • A Vida como ela foiNenhum comentário em Comida de rico – o estrogonofe

Estrogonofe é um prato tão comum que ele é encontrável até em pé-sujo. Nem requer muita prática e habilidade. Acredite já foi considerado prato de rico. Quando alguém com padrão alto se casava, as comadres se punham a fofocar nas cercas das respectivas casas.” Imagina, Dorilda, teve até estrogonofe…”. Depois falavam no vestido da noiva e do porre de algum familiar dos noivos.

Mais realistas, os homens repetiam que estrogonofe era um picadinho metido a besta. Era e é mesmo. Picadinho por picadinho, prefiro o ensopado com batata. No final dos anos 1950, passou um filme de um nobre russo chamado Miguel Strogoff. Pronto. Lá se foi a plebe rude e ignora a rebatizar “a fita” de Miguel Estrogonofe. Coitado do nobre russo.

Outro prato considerado nobrérrimo era o singelo fricassè de galinha. Nunca fui fã, embora tenha sido o prato principal no meu casamento. Te mete. Ambos, o estrogonofe – se pronunciava strogonof – e misture aviária, só perderam o glamour nos anos 1980. Tem que lembrar que até o surgimento dos aviários modernos com consequente diminuição do preço, a galinha era cara.

Dizia- se que, quando pobre comia penosa, gíria da época, um dos dois estava doente. Só se comia em festas familiares sob forma de galinhada, quando a ave já não botava mais ovos. Em vez de aposentadoria, ia pra panela, coitada.

Só não confundam risoto com galinhada, que é muito, muito melhor. Risoto é uma galinhada no jardim de infância.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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