Com licença?
Amigo conta que, certa vez, perdeu a chave do seu carro, e a concessionária cobrou R$ 400,00 por uma nova. Em parte, entendo esse valor, porque refazer códigos em chip demanda tempo. Eu disse a ele que se consolasse com o caso de outro amigo meu, que levou o carro (importado) para a revisão e deixou a chave na ignição. Por uma dessas coisas de apertar o comando errado, as portas trancaram. E faz como para destravá-las?
Aquele sistema de enfiar um plástico na fresta da porta e inflá-lo para inserir um arame e depois fisgar a chave, como faz um bom ladrão, não funcionou porque os vidros eram blindados. Os funcionários da revenda quebraram a cabeça, ligaram para a fábrica na Europa, mas não teve jeito. Ou eles quebravam o vidro ou ela enviava uma chave nova, processo que levaria meses porque no chip constava o número de série do chassi.
No fundo da oficina, um servente varria o chão, enquanto assistia à cena e ouvia a conversa.
É, não tinha jeito, o dono não podia esperar. Então quebrem o vidro, falou ele. Mas como? Com que equipamento? Afinal não era vidro comum. Estavam neste impasse quando o servente falou lá do fundo.
– Com licença?
Em algum momento do passado, o cara deve ter sido amigo do alheio ou conhecia essas técnicas, porque ele pediu uma série de aramezinhos, bateu no trinco da porta do carona e achou o caminho das pedras. Não levou 20 minutos e conseguiu abrir a porta, pronto, a pátria estava salva.
Mas não contou o macete. Se acontecer de novo, era só chamar, disse ele sorrindo.