Certezas brasileiras

12 ago • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Certezas brasileiras

Uma delas é que Bolsonaro não vai parar de disparar atrevimentos e torpedos a meia nau até em aliados. Não vai mesmo, por um simples motivo: ele não se deu conta do tamanho do posto que ocupa. Certe vez, o então ministro Delfim Netto disse que ninguém muda depois dos 35 anos.

O LIVRINHO

Nos anos 1970, Delfim era chamado da Czar da economia brasileira. Língua afiadíssima, o então ministro fazia a delícia dos colunistas com suas tiradas e verve a serviço da ironia, eventualmente utilizando a chibata do sarcasmo. A ajudá-lo, tinha sempre à mão um livrinho onde anotava frases e pensamentos que ele foi colecionando durante toda a vida. Era seu Google.

BALA DE PRATA NO PÉ

Os poucos que tentaram enrolá-lo em debates ou entrevistas na televisão quase sempre saiam com o rabo entre as pernas. Delfim não fazia prisioneiros. Vi muitas entrevistas em que ele acabou por humilhar colegas que achavam que disparar bala de prata nele era tão fácil como tirar picolé de criança.

MARCO REGULATÓRIO

Durante anos, pensei e repensei essa coisa dos 35 anos. Certa vez, na inauguração do novo pregão da Bovespa, em 1972, quase consegui abordá-lo. Eu queria trocar ideias sobre esse marco do comportamento humano, até porque podia ser 36 ou 34, por que não? Seja qual for, a grande verdade é que o Czar estava certo, a lo largo.

QUESTÃO DE DIÁLOGO

A interceptação telefônica de um dirigente do PCC investigado na Operação Cravada deixa o PT em uma sinuca de bico e o ministro Sérgio Moro com imagem de durão no combate ao crime organizado. Quando o gravado diz que com o PT tinha “um diálogo cabuloso” faz lembrar informações que corriam soltas nos governos Lula e Dilma, mas que nunca podiam ser confirmadas. Bem, agora a verdade emerge, não era boato.

A FARDA E O TERNO

Durante o regime militar o senador gaúcho Daniel Krieger, do partido do governo, a Arena, era o algodão entre cristais no embate entre a farda e o terno. Ele era a personificação do “deixa disso”, e muitas vezes conseguiu evitar que a linha dura militar fosse às últimas consequências. Foi muito criticado na época, mas sabíamos que ele ansiava pela volta da democracia.

A CALÚNIA

Certa feita, estava o senador vendo um ministro se defender da acusação de corrupção em entrevista na TV. Lá pelas tantas o entrevistado, cuja reputação o precedia, disse estar indignado com a pecha de corrupto. Olhou bem para a câmera e, sacando o resto da dignidade que tinha no estoque, deu o toque final.

– O País me conhece. Todos sabem que isso é uma enorme calúnia!

Remexendo as pedras de gelo no copo de uísque, o senador deu seu veredicto.

– O pior é que a calúnia é verdadeira…

O BRASIL QUE FUNCIONA

A reforma da Previdência trouxe à tona a importância do investimento em previdência complementar principalmente para quem sonha com uma aposentadoria mais tranquila. Esse será um dos temas abordados pelo presidente da Fundação CEEE, Rodrigo Sisnandes, um dos convidados do Meeting Experiências em Gestão da Previdência Complementar, que acontecerá dia 14/8, às 19h. O evento gratuito será realizado na sede da Verbo Jurídico, em Porto Alegre (Av. Ipiranga, 2899).

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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