Censura de ontem e de hoje
Do alto dos meus 52 anos de jornalismo posso garantir uma coisa: perto da censura (auto) de hoje e a dos anos do regime militar, a de hoje é um Everest e a daqueles anos era um morrinho. Temos vários tipos de gravames, sendo que a principal é a do politicamente correto. A segunda é a comercial. Nunca se perguntava antes de redigir a matéria se a empresa era anunciante.
Imagem: Freepik
Hoje, temos que ser cheio de dedos antes de baixá-la. Para repórteres é mais fácil, afinal não é deles a decisão. E não me venham protestar dizendo que no seu veículo isso não acontece. Um de nós é otário, e eu não sou um deles.
Não estou defendendo o regime de então, mas vamos botar os pingos nos iis.
A PIOR DELAS…
…é o politicamente correto. Ai se algum de nós arrostar conceitos e atravessar a fronteira mesmo que seja constatação. O profissional (e a empresa) que ousou é alvo da execração pública, passa a ser maldito e não raro é processado. O politicamente correto é a Santa Inquisição da nossa era. Por enquanto, a tortura e a fogueira são virtuais. Por enquanto.
Não canso de repetir uma observação do consagrado escritor angolano Mia Couto. O politicamente correto está tirando até a naturalidade das conversas. Depois os árabes é que são fundamentalistas.
SAI DESSA
O Direito Tributário é caótico, mas não se encontra nem a mãe, nem o pai. Pergunta quem é o pai ou a mãe do caos e um aponta para o outro. “O que é triste no Direito Tributário é que o Brasil é o único país do mundo onde, com provas robustas, comprova-se que leis foram compradas.” A afirmação é do ministro do STJ Antônio Herman Benjamin, em evento do Instituto dos Advogados Brasileiros.
Na mesma palestra, o ministro diz que tem ou teve que julgar 198 mil processos em um ano. Como pode a Justiça ser Justiça com esse soterramento de processos, pergunto eu.
DA (QUASE) NO MESMO
Ganhe Joe Biden ou Donald Trump o que vem pela frente é business as usual. Até as bolsas estão subindo desde o dia da eleição. Confesso que eu temia um afundamento, que não ocorreu. Uma das explicações é o fato dos republicanos manterem maioria no Senado. Mesmo se perder, o eleitorado de Trump botou essa mosca na sopa Democrata.
Com ou sem Senado, presidente norte-americano pode muito, mas não pode tudo. Sem falar nos subterrâneos do Poder e o monstruoso peso dos interesses privados. Mesmo quando presidentes foram fracotes, os Estados Unidos não afundaram.
RAINHA DA INGLATERRA
De uma certa maneira, um presidente é mais ou menos um RP do governo. Não que seja Rainha da Inglaterra, mas é por aí. Em parte, volto a dizer. De qualquer maneira, a esquerda verde-amarelada acha que vem aí La Revolución made um USA – quando escrevo estas notas ainda não se sabia o vencedor. E ainda tem o Tapetão.
VIVA O BILL
No entender deste pobre marquês, o melhor presidente americano na história americana recente foi Bill Clinton. Geopoliticamente falando, foi Richard Nixon. Dissolveu a Guerra Fria entre EUA e URSS – lembram dela? Pois é virou farelinho de biscoito. Mas as viúvas estão aí até hoje. A maioria mora no Brasil. Boa parte veste pilcha e toma chimarrão.