Causos do Miguelão
O já falecido, que Deus o tenha, executivo Miguel Pergher, diretor da Vinícola Aurora, era um boa praça que enganava. Não os clientes, mas a quem não o conhecia e pensava que estava conversando com um gringo ingênuo e com sotaque da “sera”. Engano. Miguelão, como era chamado, mostrava-se fera em matéria de vendas e informações sobre quem é quem e quem faz o que na área de supermercados e afins. Oriundo de Mato Perso, foi uma espécie de sub-prefeito da praia de Paraíso, a 12 quilômetros de Torres.
Dizem que ele chegou a colocar um caminhão de cloro no mar para ver se a água azulava como em Santa Catarina. Também quis construir um ferrovia para colocar um trem-bala ligando Paraíso a Torres – são 12 quilômetros. Tentou fundar a LAMP – Linhas Aéreas Miguel Pergher. Sua ideia era levar veranistas para Torres e, na volta, trazer morcilha de Terra de Areia.
Outra história é que ele seguia chamando o principal executivo da Aurora de “chefe do engarrafamento”, daí que nunca foi promovido… Na praia, ele tinha dois cachorros de guarda. Na casinha onde ficavam, lia-se os nomes Çazam e o Serife. Leitão à pururuca virou “leitão à pororoca” e quando almoçava com amigos, na sobremesa pedia “mamão papaya com licor de Caxias” (cacias, segundo o dialeto), em vez de Cassis. Mas a melhor foi quando saiu a notícia que nasceram gêmeos, um negro e outro branco. Ao ler a nota para um passageiro ao lado, em vôo de São Paulo para Porto Alegre, espantou-se com os detalhes genéticos dos gêmeos:
– E os dois têm o mesmo BNH!
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
