As cuecas do alfaiate
Era um homem bem-sucedido. E não apenas bem-sucedido. Era jovem, bonito, rico, de riso fácil, envolvente, um belo papo. Tudo o que uma pessoa pode querer. Mas ele carregava um grave problema, o que acabava com sua joie de vivre, a alegria de viver: uma dor de cabeça infernal o dia todo, com alguns minutos de folga. Tinha tudo e, ao mesmo tempo, não tinha nada.
Nenhum médico descobria a causa. Nenhum. Durante anos e anos, foi a todos os especialistas do mundo, realizou exames que reviraram até seu umbigo, milhares de remédios naturais e químicos, e ninguém sabia a origem da maldita dor de cabeça e muito menos como curá-la. Tirando isso, sua saúde era perfeita, o que o exasperava.
Um dia, ele tomou uma decisão. Vendeu suas empresas e resolveu viajar por todos os lugares bonitos criados pela natureza. Para dar adeus total, doou todo seu guarda-roupa e foi ao melhor alfaiate de Savile Row, Londres. Pediu que tirasse as medidas.
– Não precisa, Sir – falou o alfaiate-chefe – basta olhar que sei todas as suas medidas, todas mesmo.
– Então vamos ver. Casaco?
O cara deu seu número.
– Calças?
Acertou de novo.
– Camisa?
Idem.
– Sapatos?
Quando o inglês cravou 41, não havia mais dúvida de sua eficiência. Para terminar, encomendou uma dúzia de cuecas de seda.
– Meu tamanho é 40, tamanho que usei a vida toda.
O londrino sorriu.
– Não, meu amigo, tem que ser 45. Se o senhor usar 40 aperta o baixo ventre e dá uma dor de cabeça desgraçada.
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