Os de cá e os de lá
Quem não mora ou trabalha em Porto Alegre certamente pensa que a Capital gaúcha vive tempos de guerra, com largas camadas da população arrostando o Executivo e o Legislativo contra o pacote de enxugamento da máquina pública incluindo oito fundações. Aliás, tenho dúvidas sobre duas delas. A questão é que Porto Alegre NÃO vive um clima de guerra fora do entorno da Praça da Matriz. Para quem mora ou trabalha na área, está sendo um transtorno monumental, mas a cidade em si, e falo de uma cidade com 1,4 milhão de habitantes, está quieta. O povo, esse povo que todo mundo enche a boca para invocar, não está nem aí.
O erro primário que o funcionalismo atingido sempre comete é descarregar em cima da população, seja cerceando o ir e vir, ou com greves, com postura do tipo quem não é comigo, é meu inimigo. Consequência lógica, as depredações de carros, prédios e o que mais estiver pela frente. São conhecidos, são os de sempre, são os que o alemão chama de schadenfreude, a alegria da destruição.
Enquanto isso acontecer, não contem com a simpatia da majoritária maioria silenciosa. E não se deve confundir o barulho na – e da – mídia com apoio popular. A mídia, em especial os jornais, quer ficar de bem com todo mundo, então abriga os de lá e os de cá. Acaba não agradando ninguém.