Café da manhã
A colenda Câmara de Vereadores de Porto Alegre completa 30 anos de casa. A sede anterior era no prédio da prefeitura velha, no Centro. Como todo prédio, abriga fantasmas e lembranças que, não raro, fundem-se. Quando faltava pouco para a mudança, o vereador Glênio Peres (PDT), varou a madrugada e parte da manhã para colocar seu gabinete em ordem de mudança.
Finda a tarefa, foi para o restaurante Gambrinus, do Mercado Público, beliscar alguma coisa. Era pouco mais das nove horas. Ele era o único cliente. Pediu bolinhos e um copo alto cheio de gelo e um guaraná. Era seu café da manhã. Bebeu uns goles e encheu o copo com o resto. O garçom levou a garrafa vazia.
Nisto, entra um desafeto do combativo Glênio, figura pública muito (mal) falada, alvo de vários discursos feitos pelo vereador.
O mesmo – o dos avisos de elevador em que se pede para ver se o mesmo está no andar – fingiu que não viu Glênio, sentou bem na outra ponta e chamou discretamente o garçom. Com a mão abaixo da linha da mesa, apontou o dedo em direção à mesa do seu inimigo.
– Pra mim a mesma coisa. Enche o copo com gelo e completa com uísque.
Às nove da manhã.