Cadê a loja que estava aqui?

17 fev • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Cadê a loja que estava aqui?

O comércio eletrônico cresceu cerca de 16% em 2019 e gerou mais de 718 mil novos empregos nos últimos anos. De acordo com levantamento da Loja Integrada – plataforma para criação de lojas virtuais mais popular do Brasil, com 1 milhão de lojas – 40% dos brasileiros que abriram uma loja virtual nos últimos dois anos eram funcionários CLTs que deixaram seus empregos para empreender pela internet. A plataforma recebe em média 600 novas lojas todos os dias.

Imagem: Freepik

SUMIU, MAS NÃO SUMIU

A velocidade com que as novas tecnologias são abraçadas pelos empreendedores em todas as atividades econômicas é diretamente proporcional ao número de empregos que se perdem. Fosse só isso, seria um tiro no pé, mas não. Empregos perdidos geram empregos novos. A questão é saber se as lacunas são todas preenchidas por novas profissões ou dá para ter o pesadelo de desemprego.

PRINCÍPIO DA INCERTEZA

Formulado pelo alemão Werner Heisenberg, diz que podemos medir a velocidade e a posição de determinada partícula física, mas nunca os dois ao mesmo tempo. Cristalino como água da fonte. Substitua “partícula física” por um carro na rodovia caso tenha dúvida. Pois o princípio do alemão pode ser aplicado – mais ou menos – aos tempos atuais na questão do emprego versus novas tecnologias. Podemos contar o número de empregos perdidos e os que foram criados, mas não dá para medir a velocidade do processo ao mesmo tempo.

Seja como for, só o nome do princípio é um retrato do mundo atual.

NAS ASAS DOS DC-3

O governo Bolsonaro prepara decreto que vai zerar o PÌS e Confins dos combustíveis de aviação. Considerando que combustível representa entre 35% a 40% dos custos de operação de uma aeronave e que boa parte são impostos, talvez dê para sonhar na volta da aviação regional, que hoje só pode ser viável com todos ou quase todos os assentos vendidos. No pós-guerra, quando os DC-3 usados pelos americanos foram distribuídos quase de graça para países como o Brasil, as várias companhias aéreas voavam até para cidades pequenas e com voos diários.

O MILAGRE DOS ASSENTOS

Empresas como a Varig cresceram a olhos vistos nas décadas de 1940 e 1950 por um bom motivo. Pegue-se o caso do DC-3. Com 28 assentos, os voos estavam sempre lotados, mas não na acepção literal da palavra. Se fossem apenas quatro passageiros, o governo federal bancava os outros 24. Ou seja, voos lotados em 100%.

No Rio Grande do Sul, mesmo sendo em cidades pequenas, os voos chegavam a ser diários e não raro duas vezes por dia. Caso de Santiago, São Gabriel e Alegrete, para ficar só nesses, abrigavam grande número de quartéis, portanto com grande movimentação de militares e seus parentes. Por si só a demanda era pífia, mas com subsídios tudo mudava.

O MILAGRE DO IMPOSTO DE RENDA

Até meados dos anos 1960, jornalista não pagava Imposto de Renda e pagava só metade do preço das passagens aéreas. A brincadeira terminou por volta de 1965. Jornalista tinha outras regalias. No início dos anos 1960, podiam comprar carros nacionais a custo quase zero dentro de uma determinada quota. Aqui no Rio Grande do Sul pelo menos uma dúzia de jornalistas ganhou um flamante DKW. A história me foi contada por um dos beneficiados, Jaime Keunecke, o JK, já falecido.

Mas Deus castiga, como diz o brocardo. Por isso jornalista ganha mal.

PENSAMENTO DO DIAS

Leva-se cada vez menos tempo para atravessar o Oceano Atlântico e mais tempo para chegar em casa.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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