Bares
Por uma série de circunstâncias profissionais e pessoais, bares e restaurantes de hotéis sempre me atraíram. Em parte para descobrir porque deram certo ou porque deram errado. Aprendi com um maitre que, dificilmente, restaurante de hotel dava certo. Há um conjunto de fatores, mas um deles é que o hóspede quer sair, dar uma arejada, conhecer a vida na cidade que visita a serviço ou a lazer. Comer no hotel só quando sair tem óbices.
Eu escrevi “daram certo” porque não sei como é o quadro hoje. Vejo documentários com restaurantes maravilhosos, e mais de um. Como esses documentários na maioria são quase sempre pagos – hoje tudo é pago em qualquer plataforma de mídia, pode ser propaganda enganosa, dessas que são bonitos para os olhos, mas não para as papilas gustativas.
Até o início dos anos 1980, Porto Alegre teve bares de hotéis muito bons. A maioria ficava no Centro, isso antes da classe média ser expulsa da área. O mais charmoso para mim era o Tiffany’s, do Alfred Porto Alegre, na rua Senhor dos Passos, mas o bar do Plazinha, na mesma rua, tinha mais tradição. Com cadeiras de espaldar alto e mesinhas cercadas por biombos, era ideal para conversas mais íntimas.
O bar do Hotel Everest, na Duque de Caxias, nunca pegou, nem o restaurante, que oferecia uma vista maravilhosa da cidade. O Hotel Embaixador tinha um bem concorrido, embora um pouco barulhento para o meu gosto. O do City Hotel era dominado por advogados e pecuaristas. Já o bar do Lido era modesto como o hotel que lhe deu o nome – tinha mesas de fórmica, imagina. O primeiro bar do Plaza São Rafael, o Snack Bar, foi bom enquanto durou – os proprietários na época não gostavam de bar fechado. Pena, porque as paredes feitas com garrafas escuras iluminadas por dentro dava belo efeito.
Dito tudo isso, dou receita para bar de hotel ou não: tem que ser aconchegante, silencioso, os clientes têm que falar baixo, e sobretudo, feitos para agradar casais casados ou não. Ninguém vai te procurar em bar de forasteiros.
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